Domingos Soares de Oliveira refere que, a acontecer, a mudança do símbolo do clube da Luz estará nas mãos dos sócios e não do presidente.
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A discussão em torno de uma eventual alteração do símbolo do Benfica, que gerou alguma polémica nas últimas semanas, foi adiada esta quinta-feira pelo administrador executivo da SAD Domingos Soares de Oliveira.
No âmbito de uma palestra no curso "Football for All Leadership Programme" - destinado a promover a empregabilidade e o empreendedorismo de pessoas com necessidades especiais no futebol -, na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, o CEO da SAD encarnada explicou os motivos comerciais pelos quais o tema se tornou alvo de debate dentro da estrutura do Benfica.
"O departamento de marketing do Benfica disse que o símbolo não tem o nome do Benfica, mas apenas 'SLB', e que tem seis cores, enquanto outros clubes têm muitas menos e são mais simples numa perspetiva de internacionalização. Há razões para pensar nisso e há razões para pensar em não mexer no símbolo, mas só na perspetiva comercial é que podia haver razões para pensar num novo símbolo", observou.
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Contudo, o dirigente da SAD encarnada admitiu também que a última palavra nesta matéria será sempre dos sócios e que o presidente do clube, Luís Filipe Vieira, até nem seria expressamente favorável a uma reformulação.
"O foco do presidente é que não vai ser ele a tomar a decisão. Ele, provavelmente, nem quer, será algo para colocar aos sócios. Não é algo que esteja em cima da mesa agora e nem no próximo ano", resumiu.
Paralelamente, Domingos Soares de Oliveira explicou que a centralização de direitos televisivos na Liga portuguesa só será viável a partir de 2028, devido aos atuais contratos, e que há um entendimento para não se assinarem novos vínculos além desse ano, mas preferiu apontar críticas para a falta de internacionalização do campeonato nacional, responsabilizando clubes, Liga, operadores de telecomunicações e detentores de direitos televisivos.
"Há um conjunto de contratos assinados. Alguns já foram objeto de desconto financeiro relativamente a receitas futuras e não é possível acabar com esses contratos, porque quem fez o desconto não consegue repor o dinheiro. Os nove anos passam num instante, o importante é estarmos preparados para 2028. Até lá, há um trabalho que acho que não está a ser feito: internacionalizar a Liga. Temos de conseguir que os nossos jogos sejam vistos lá fora", frisou.
Por fim, o dirigente encarnado foi ainda confrontado com o debate da reformulação das competições europeias e o crescente fosso entre os clubes mais ricos e os outros, um tema no qual tem pairado a ideia de uma Superliga. Domingos Soares de Oliveira admitiu que a tendência do fosso se mantém e que emblemas como o Benfica, o Ajax ou o Lyon ficam, de alguma forma, "apanhados no meio" de clubes ricos e menos ricos.
"Hoje, há 12 ou 13 clubes globais. Esses clubes querem mais dinheiro para investirem e reforçarem a sua posição global. Para alguns, o modelo competitivo é aceitável, outros querem quase uma liga fechada, como a MLS dos Estados Unidos, em que ninguém desce. Não se pode parar o vento com as mãos e a tendência é estes clubes ficarem mais globais e os mais pequenos não crescerem", concluiu.