
José Mourinho
AFP
Treinador do Benfica foi convidado da Benfica FM na manhã desta sexta-feira
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José Mourinho foi na manhã desta sexta-feira convidado da Benfica FM e falou da paixão que sente diariamente, fazendo uma comparação com gerações mais recentes.
"Eu e os mais próximos, temos muitas vezes aquela sensação que muitos da nova geração, sejam treinadores ou jogadores, não gostam muito de treinar, de futebol, gostam daquilo que o futebol pode dar. Continuo igual, não consigo vislumbrar o dia em que tenha mudado alguma coisa. Recordo sempre uma conversa, estava no Real Madrid em 2012/13, com sir Alex [Ferguson]. Teria a idade que tenho agora. Antes de um jogo perguntava como era a evolução das coisas e ele disse: 'Esquece. É igual. A paixão, é igual o nervosismo, a alegria e tristeza depois de ganhar ou perder'. Ele, como sempre, tem razão", analisou. "Há treinadores e jogadores de momentos e jogadores e treinadores de carreira. Hoje em dia, de carreira, começa a haver cada vez menos, começa a rarear. Aparecem muito rapidamente e desaparecem muito rapidamente. Em Istambul, um muito bom treinador das gerações mais novas pediu-me para passar uns dias comigo. Fazia-lhe muita confusão, ele cansava-se muito. Quando tinha uma oportunidade, aproveitava uma semana internacional para descansar, desaparecer. Conversar sobre isto era difícil", contou.
Mourinho prosseguiu para voltar a demonstrar o tempo que dedica ao futebol e, neste momento da carreira, ao Benfica. Ainda que tenha tempo para outras coisas fundamentais. "Pode parecer um bocadinho básico, futebol e família, e quando digo família digo amigos, gente que me ama, que eu amo. As pessoas de quem eu gosto e o meu trabalho. Uma faceta que fui descobrindo ao longo dos anos: preocupar-me mais com os outros e menos comigo. Dizer altruísta é demasiado. Hoje em dia preocupo-me muito com os outros, com o que posso contribuir de diferentes maneiras para o crescimento dos outros. Não tenho hobbies. Este verão comecei o trocar umas bolas com os meus filhos, de padel, gostei muito. Pensei: 'OK, em Istambul, quando estiver sozinho, ligo aos assistentes e vou jogar, não joguei uma única vez. No Benfica pensei que agora vou ter tempo de dar um bocadinho mais à minha mãe, ao sogro. Ontem estava ao telefone com a minha mulher e ela perguntou-me há quanto tempo não vou ver a minha mãe. Como se estivesse em Istambul Fico absorvido pelo trabalho, pelo prazer, pelas responsabilidades do trabalho. A minha vida limita-se a isto. Sou feliz assim", declarou.
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