Cumpre-se por estes dias meio ano desde que, num treino, Mathieu foi fiel a ele próprio e, no limite, cortou um lance que precipitou o ponto final numa carreira feliz. Mas se o Sporting lhe puder dar nova alegria...
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O dia 24 de junho, já de verão, era quente, mas rapidamente esfriou quando em pleno treino de preparação para um jogo contra a Belenenses SAD Mathieu foi fiel a si próprio, deu tudo e num "tackle" para cortar uma bola, sofreu uma entorse traumática no joelho esquerdo, com extensão a um dos ligamentos, problema que o obrigou a precipitar uma decisão já tomada, a de, aos 36 anos, colocar um ponto final numa carreira cheia de desafios, de títulos - feliz, no fundo.
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Meio ano depois desse infortúnio, O JOGO conversou com o francês, que voltou às origens, com a família, mas que deixou parte do coração em Portugal, neste caso ligado à máquina Sporting, que considera, vinca-nos, capaz de fazer o que poucos plantéis leoninos têm feito, celebrar um campeonato.
"Hoje falo como adepto do Sporting", arranca, concretizando: "E como adepto, é claro que estou contente com este primeiro lugar, com o momento que a equipa está a atravessar. Penso que estamos no bom caminho para sermos campeões, vamos ver daqui para a frente." Sim, Mathieu ainda utiliza a primeira pessoa do plural - nós - quando fala do clube por quem realizou 106 jogos, entre 2017 e 2020, equipa que, prossegue, terá de ter arcaboiço para o que dizem ser lutas extra, exemplificando com o empate (2-2) em Famalicão, na 9.ª jornada, jogo marcado pela polémica após anularem o 3-2 a Coates.
"O caminho para sermos campeões é longo e o Sporting tem batalhas externas. Vejam em Famalicão..."
"O caminho para sermos campeões é longo e o Sporting tem batalhas externas: contra o Famalicão, quando anulam o golo ao Seba [Coates], o 3-2... Para mim é um golo claro. Haverá sempre uma batalha extra para ganhar este campeonato. O Sporting devia ter vencido esse jogo... Para sermos campeões, temos de dar o máximo possível em cada etapa, mas acho que estamos no bom caminho", sublinha o ex-futebolista, hoje com 37 anos, que se recusa a apontar estrelas entre um plantel com qualidade: "Como digo sempre, o que gosto mais é da equipa, não gosto de falar de um jogador. Neste momento, o Sporting tem um grupo muito completo, com qualidade e isso é o que mais me agrada. Espero que continuem assim, como grupo - os jogadores sabem que precisam de estar unidos para ganhar este campeonato."
Os jogadores... e os adeptos. "Sim. Para eles, neste momento, com as restrições da pandemia, é mais difícil, porque não podem ver os jogos. São adeptos incríveis, que estão sempre atrás da equipa... Espero que continuem assim, atrás do Sporting. Quando puderem voltar, vamos ver um estádio cheio!", atira.
"Os adeptos do Sporting são incríveis. Quando voltarem, temos estádio cheio!"
Mais velho que Amorim, um treinador... especial
Mathieu terminou a carreira orientado por um treinador mais novo que ele: Rúben Amorim, com 35 anos feitos em janeiro (é de 1985), nasceu depois do francês, que celebrou 37 primaveras em outubro (é de 1983), mas não é por isso que lhe merece menos respeito - bem pelo contrário. "Ainda trabalhei alguns meses com o Rúben Amorim e o que posso dizer sobre ele é que é um treinador muito bom. Tem um plantel muito jovem, mas neste caso acho que ele agradece, pois gosta de trabalhar com jogadores mais novos. Desejo-lhe, tal como ao Sporting, o melhor. A minha expectativa é grande", revela o central, que quando se lesionou ouviu de Rúben rasgados elogios, principalmente pela sua postura quando não constava das opções.