<strong>ENTREVISTA (PARTE 2) - </strong>Vasco Santos, VAR do Portimonense-FC Porto, admitiu ter cometido um erro, favorável aos dragões. Luciano Gonçalves lamenta que "sejam, uma vez mais, os árbitros a assumir os os erros".
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Vasco Santos admitiu um erro no penálti favorável ao FC Porto (primeiro golo do 3-2 em Portimão). Luciano Gonçalves respondeu sem hesitar.
"Não vejo com muito agrado que sejam uma vez mais os árbitros a assumir os seus erros quando não vemos mais nenhum agente a fazê-lo"
O que pensa dessa atitude?
-Dignifica-nos assumirmos os nossos erros. Não vejo com muito agrado que sejam uma vez mais os árbitros a assumir os seus erros quando não vemos mais nenhum agente a fazê-lo. E tenho a certeza, infelizmente, que, mais à frente, vão utilizar a explicação do Vasco para justificar outra situação.
Devia acontecer mais vezes?
-Ou acontece sempre ou nunca acontece.
Diz que é uma atitude positiva e, em simultâneo, reconhece que não foi assumido o erro noutros lances ou jogos...
-... Não se deve fazer. Todos os agentes devem estar envolvidos neste espírito e não só a arbitragem ou em situações pontuais.
O Conselho de Arbitragem não permite que os árbitros falem, há até quem defenda que implementou a denominada lei da rolha, e agora alguém da estrutura assume um erro. Acha bem que o CA tenha permitido que o VAR falasse? Há quem diga, no meio, que até deu instruções nesse sentido?
-Não concordo que venham dar explicações por situações pontuais. Ou é sempre ou nunca se faz. Por uma questão de igualdade, de transparência, de podermos todos ter as mesmas ferramentas.
Foram atribuladas as classificações no tempo do anterior CA. A APAF insurgiu-se contra Ferreira Nunes. Lucílio Batista tem sido contestado pelos árbitros - internamente não, porque não têm liberdade de expressão -, mas pela APAF não. Porquê?
-Não é verdade. A APAF disse, publicamente, que era contra o sistema avaliativo aos árbitros de primeira categoria, a não divulgação das classificações. Discordamos porque entendemos que deve haver a maior transparência possível. Mesmo sabendo que as coisas são feitas com transparência e profissionalismo têm de passar para fora essa transparência.
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PEDIDO PARA LUCÍLIO BATISTA SAIR DO CA CONFIRMADO
O presidente da APAF confirmou que um núcleo de árbitros queria a saída de Lucílio Batista do Conselho de Arbitragem (CA). "Sei disso, sim", reagiu. "Defendo que devemos manter as pessoas nos cargos para os quais foram eleitos. Há, obviamente, situações que têm de ser corrigidas e não podem ser repetidas. A APAF faz a sua função: sempre que um árbitro considerar injusta a sua classificação ou que o processo foi injusto, estaremos sempre disponíveis para dar apoio jurídico seja contra o CA, ou qualquer órgão ou instituição. A APAF serve para defender os seus associados", sublinhou.
"NÃO VOLTAVA A PEDIR BILHETES AO BENFICA"
Luciano Gonçalves voltou a admitir que o pedido de bilhetes "foi um erro".
Está esclarecido o pedido de bilhetes para um jogo do Benfica, na Luz, para um lar de terceira idade?
-Para mim foi esclarecido desde o início. Se havia alguém que me podia exigir explicações eram os meus associados e não tudo o resto que circula à volta do futebol. A eles, sim, devia essas explicações, mas está ultrapassado.
"Bilhetes? Não o fiz como líder da APAF, mas atendendo ao futebol em que estamos inseridos, admito que não o voltava a fazer"
Arrependeu-se de o ter feito?
-Tive oportunidade de dizer logo na altura. Não o fiz como líder da APAF, mas atendendo ao futebol em que estamos inseridos, admito que não o voltava a fazer.
O que tem a dizer sobre o facto de os árbitros despromovidos serem aproveitados para o VAR? Não é uma desconsideração pela ferramenta?
-Não, não é. Temos de perceber o contexto. O VAR é uma peça que surgiu de repente e não estávamos preparados para ela. Não tínhamos pessoas preparadas. Devemos aproveitar todos os recursos possíveis e que mostrem competência para desempenhar essas funções. Há bons árbitros que não são bons assistentes. Acredito que possam existir bons videoárbitros e que se enquadrem bem na função. Não me choca que árbitros despromovidos sejam VAR desde que demonstrem capacidade para o desempenho de um trabalho tão importante.
No início do mandato, disse que os clubes precisavam de baixar o tom e o volume. Baixou ou ainda acha que continua a haver falta de formação da parte de alguns dirigentes?
-Está melhor. No início tínhamos várias figuras a alimentar este tipo de polémicas e agora essas figurinhas de andar aí a levantar o tom já são sempre as mesmas e as pessoas já não lhes dão credibilidade. Pouco a pouco, estão a perder peso, para bem do futebol.