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Num jogo estranho, Casillas defendeu um penálti, houve um golo mal anulado a Éder, mas a vitória do FC Porto nunca esteve em causa
Terminada a primeira volta da fase de grupos, o FC Porto tem sete pontos em nove possíveis, jogou duas vezes fora e uma em casa. Ontem, assumiu a liderança da série e provou que tem tudo a favor para a ganhar. Para o conseguir, fez um jogo ambicioso em Moscovo, mostrou qualidade suficiente para estar sempre por cima, mas também cometeu erros que não lhe são habituais. Ao contrário da atitude, a exibição deixou a desejar.
Com Otávio na bancada, Sérgio Conceição apostou em Óliver para compor o meio-campo, o que significava dar prioridade ao controlo de bola e à qualidade de passe, daí a escolha do espanhol em detrimento do mais defensivo e menos ágil Sérgio Oliveira. Sendo o português um jogador que promove a profundidade - mete a bola com facilidade a 30 ou 40 metros -, percebeu-se que a ideia passava por querer jogar no campo do adversário e não com as linhas baixas à procura do contra-ataque.
O FC Porto mostrou ao que esteve desde o apito inicial. Assumiu o controlo, pressionou alto, atacou sem se expor demasiado em termos defensivos e transmitiu até a si próprio uma ideia de superioridade que comprometeu passada uma dezena de minutos, quando Alex Telles cometeu falta para penálti. Casillas fez uma grande defesa e travou o remate de Manuel Fernandes. Por estranho que possa parecer, o primeiro de um punhado de erros defensivos a que viria a assistir durante a partida não mexeu emocionalmente com os jogadores. Os portistas continuaram a ter mais bola e a comandar, enquanto os russos, através dos gémeos Anton e Aleksey Miranchuk, apostavam no ataque rápido para as costas dos laterais. Num desses lances de foguetada poderiam até ter marcado (salvou duas vezes Alex Telles), só que, pela segunda vez, o FC Porto passou ao lado do que poderia ter sido um susto.
O jogo estava estranho desde o início. Por isso, quando um agarrão de Éder a Felipe pôs Marega na marca de penálti, o resultado afeiçoou-se ao que se passava em campo. Porque, mesmo com os sustos, a melhor equipa estava por cima e logo a seguir já justificava o 0-2 quando Herrera disse que sim de cabeça a uma grande bola de Corona na ala direita.
A estratégia de controlo da bola e do espaço adotada pelo campeão nacional resultava, o Lokomotiv trabalhava, corria, mas raramente chegava onde queria, até que Militão ofereceu uma bola ao Miranchuk esquerdino (Aleksey) para este servir o mano Anton. Um golo que não poderia ter acontecido num jogo da Liga dos Campeões, mas que ficou a coberto da vantagem anteriormente conseguida.
A reentrada do FC Porto para a segunda parte rendeu um grande golo e matou a partida, embora tenha sido preciso esperar algum tempo para ter a certeza de que era mesmo verdade. A reação da equipa russa, mais musculada do que estratégica, empenhada mas sem grande qualidade - quem não a tem não a inventa por maior que seja a vontade -, causou alguma perturbação na defesa do campeão nacional. Durante uma vintena de minutos faltou bola e controlo, mais tarde reassumido de forma clara mesmo antes de o Lokomotiv ficar com dez elementos por expulsão do central Kverkvelyia.
O resultado poderia ter-se avolumado nos últimos minutos, mas seria mentiroso. Ante um adversário aguerrido, o FC Porto foi mais forte e justificou os pontos.
Prémio de empenho e também pensar no futuro
Com o jogo no bolso, Sérgio Conceição trocou Corona por André Pereira no ataque. O mexicano tinha feito a parte dele - assistência e grande golo - e já tinha amarelo. Para os dez minutos finais entraram Adrián López, o tal que treina bem e brilhou na Taça com quatro golos, e também o jovem Bazoer. No caso do espanhol, terá sido o reconhecimento do empenho e do bom trabalho. No do holandês a ideia será outra. É tido como um jogador de futuro e há que começar a dar-lhe minutos sem responsabilidade. Ontem era dia para isso.
