Equipa B das águias vive situação mais confortável do que o plantel principal e passa o ano pela primeira vez no topo da II Liga.
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Uma liderança única. Ao contrário do que sucede com a equipa principal, que corre atrás de FC Porto e Sporting na classificação, o Benfica B vai fazer a viragem de ano na frente do campeonato, precisamente com a mesma margem de conforto para o mais direto perseguidor (Feirense) que o conjunto orientado por Jorge Jesus tem como desvantagem para os rivais.
Pensada com a missão de formar e fazer crescer jogadores para o topo da pirâmide encarnada, a formação secundária vive esta temporada uma experiência inédita. Isto porque o empate com o Vilafranquense assegurou, apesar da aproximação dos fogaceiros - contra quem jogam na próxima ronda da prova já amanhã -, a liderança na mudança de 2021 para 2022, algo que as águias ainda nunca tinham alcançado.
O melhor que os jovens do Benfica haviam conseguido fora em 2018/19 - então sob o comando de... Bruno Lage, que no início de 2019 foi chamado para substituir Rui Vitória nos AA, sagrando-se campeão na I Liga -, quando fecharam o ano civil da primeira metade da temporada no terceiro lugar, mas com os mesmos pontos do segundo, o Famalicão, e a três do líder Paços de Ferreira.
A cumprir a sua décima temporada, o projeto B do Benfica apenas por três ocasiões ficou no fecho do campeonato para lá do décimo posto (19.º em 2015/16, 13.º em 2017/18 e 14.º em 2019/20. E se ainda nunca alcançou um pódio tem como melhor registo o quarto lugar, obtido por duas vezes, em 2016/17 e 2018/19. Agora, e sem um objetivo definido em termos de posição, a meta é, contudo, clara: servir, como está definido na filosofia do clube, a equipa principal e procurar alcançar o estatuto de melhor equipa B - em quinto, o FC Porto B está a 9 pontos das águias, enquanto os bês de V. Guimarães, Braga e Sporting estão em divisões inferiores.
A cumprir a sua primeira temporada completa como treinador do conjunto secundário das águias, Nélson Veríssimo, que chegou precisamente no arranque do projeto, em 2012/13, tendo sido contratado por Luís Filipe Vieira para treinador-adjunto, é visto no seio do clube da Luz como uma peça que contribui sobremaneira para o sucesso da presente temporada. Veríssimo, que terminou 2019/20 a comandar a equipa principal do Benfica após a saída de Bruno Lage, conduziu os bês a um arranque de prova com três vitórias, valendo então a liderança, perdida à quarta jornada e recuperada à nona, a partir da qual as águias não mais, para já, saíram da frente.
Com Jorge Jesus no topo da hierarquia das equipas encarnadas, 2021/22 tem sido um ano de menos chamadas de jovens atletas à equipa principal. Curiosamente, a nível interno tal facto acaba por ser visto por um prisma positivo: tal situação acaba por dar maior estabilidade aos bês para trabalharem e afinarem rotinas, algo favorável para a evolução dos jogadores e a obtenção de resultados.
Paulo Bernardo entre a elite
Os jogadores apontados pela estrutura benfiquista como os mais promissores são trabalhados de forma especial. Estes futebolistas são integrados no grupo de elite, no qual têm treinos táticos e técnicos diferenciados até ao nível da avaliação do Benfica LAB. Já lançado por Jorge Jesus na primeira equipa esta temporada, o médio-ofensivo Paulo Bernardo (na foto) é um desses atletas. O camisola 55 faz parte desse grupo de elite, tendo sido preparado para chegar ao topo da pirâmide. Esta época fez já dez jogos pelos bês, mas foi também lançado na equipa principal em cinco embates.
Reuniões constantes pelo futuro
As estruturas do Benfica organizam reuniões regulares de forma a acompanhar a evolução dos futebolistas da equipa B e dos que estão projetados para lá chegar a curto, médio e longo prazo. Tudo com a intenção de alimentar o plantel principal, para o qual há anualmente uma estimativa de promoção de dois a três atletas, isto de acordo com decisões traçadas pelo presidente e pelo administrador executivo da SAD, Domingos Soares de Oliveira, existindo também reuniões entre estes e os treinadores das equipas A e B de forma a discutir o processo. E até que os jovens atinjam a formação secundária, fruto de análise detalhada, são catalogados por níveis de acordo com o seu potencial: para a equipa A, para empréstimo nacional ou internacional ou até para venda. E para aqueles a quem é projetada a ascensão à primeira equipa a intenção é dar o máximo de experiência, razão pela qual, apesar de tal situação não ser estanque, estes futebolistas cumprem cerca de 40 jogos nos bês antes de serem promovidos.