Cruzar o Atlântico para contratar estrelas no Brasil, do miolo para a frente, não é especialidade na Luz
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É dos principais nomes do plantel, mas continua sem convencer. Proveniente do Grémio, chegou como estrela à Luz na época passada, mas continua a marcar passo com exibições pouco consistentes e sem demonstrar o talento que o levou à seleção brasileira e a custar 20 milhões de euros ao Benfica. Everton participou em 74 jogos de águia ao peito e apontou 12 golos. Mais do que os números, as exibições desiludem, como voltou a acontecer no último clássico com o FC Porto, que iniciou no banco. Apesar do currículo, não foi (até ao momento) uma aquisição feliz, daquelas que pegam de imediato e fazem toda a diferença, como esperavam técnicos, colegas e adeptos.
São muitos os jogadores brasileiros com carreiras proeminentes em terras de Vera Cruz que não vingaram na Luz. Donizete, Paulo Nunes, Roger, são alguns exemplos, Valdo e Ramires as exceções
Para os benfiquistas, de resto, este não é um fenómeno isolado na Luz sempre que os seus dirigentes decidiram cruzar o Oceano Atlântico em busca de homens que fizessem a diferença do meio-campo para a frente, jogadores com credenciais. Não servirá certamente de consolo, mas a verdade é que raros foram os casos de sucesso de jogadores com estas características, cujo currículo promissor no Brasil teve sequência em Portugal. Valdo, que chegou ao Benfica em finais dos anos oitenta, na primeira passagem, e Ramires, que assinou pelo Benfica em 2009 - titular indiscutível, fez 42 jogos e marcou cinco golos, tendo sido vendido ao Chelsea um ano depois por 22 milhões de euros -, talvez sejam os únicos a reunir um consenso positivo. Os restantes (ver lista ao lado), muitos deles verdadeiros flops, por questões técnicas, de adaptação, de falta de entendimento com os treinadores, por questões de ordem política dos dirigentes, por rivalidades no balneário e incompatibilidade com colegas de equipa, não conseguiram vingar. O caso mais recente foi Pedrinho. Os encarnados pagaram 18 milhões ao Corinthians por um extremo promissor, com presenças regulares na seleção olímpica do Brasil, mas um ano depois decidiram vendê-lo ao Shakthar, recuperando o investimento, mas não a imagem de mais um remate ao lado na compra de um jogador de ataque no Brasil.
. Em 1997, pela mão de Manuel Damásio, Paulo Nunes, o "Diabo Loiro", cuja fama de craque extrapolava o recinto de jogo, viajou para Portugal, deixando para trás o Grémio
Recuando no tempo, uma das grandes desilusões foi Roger. Craque no Fluminense, bandeira da campanha à presidência de Manuel Vilarinho, em 2000, o "Menino do Rio" passou ao lado da Luz. 44 jogos, divididos por duas passagens e sete golos, muito pouco para quem tanto prometia. Pior ainda foram as situações de outros dois jogadores rotulados de craques: Paulo Nunes e Donizete. Em 1997, pela mão de Manuel Damásio, Paulo Nunes, o "Diabo Loiro", cuja fama de craque extrapolava o recinto de jogo, viajou para Portugal, deixando para trás o Grémio. O Benfica pagou nessa altura cerca de dez milhões de dólares - 8, 8 milhões de euros ao câmbio atual. Paulo Nunes fez oito jogos e apontou dois golos. Tinha futebol de sobra, mas devido sobretudo a questões financeiras deixou a Luz num ápice, regressando ao Brasil para jogar no Palmeiras, onde na primeira época fez 30 golos em 63 partidas. Donizete também chegou com a camisola da canarinha, em 1996/97, mas sucumbiu ao primeiro sopro. Nem aqueceu o lugar, seguindo para o Corinthians. Edilson ainda deu nas vistas, em 1994/95, marcando 17 golos numa temporada, ele que não era ponta de lança, mas acabaria por voltar ao Palmeiras, já que estava emprestado pelo atual campeão da Libertadores. Não se tratou de um flop, mas não permaneceu na Luz, indicador claro de que não agradava a todos. Amaral, conhecido pela enorme entrega que colocava em todos os lances, também não resistiu. 29 jogos depois, disse adeus ao Benfica para jogar no Palmeiras, dono do passe. Ainda voltou à Luz, mas já não era a mesma coisa... Mais contemporâneos foram os casos de Bruno César, Éder Luís, Kardec, estes já contratados com o aval de Jorge Jesus.
DOSSIÊ COMPLETO NA EDIÇÃO DE 26.12.21