Layún recorda FC Porto, Otávio, Galeno e Francisco Conceição: "Deve ter grande caráter"
Em conversa com O JOGO, o lateral mostra-se confiante na conquista do título, apesar das saídas de Luis Díaz e de Sérgio Oliveira. Destaca o caráter de Chico: "Não deve ser fácil ser treinado pelo pai".
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Layún saiu do FC Porto em janeiro de 2019, mas o FC Porto não saiu do Layún. De volta ao América, do México, o lateral esquerdo continua atento a tudo o que se passa no Dragão. Não só aos ex-companheiros Otávio e Galeno, mas também à nova geração, com Diogo Costa e Francisco Conceição à cabeça. Numa visita ao passado, mas em que também aborda o presente, Layún, num português quase perfeito, diz que não está a ver o título escapar aos portistas.
Mexicano continua atento ao FC Porto e não esquece o antigo companheiro, mas também destaca Francisco Conceição que "tem coisas de Messi"
Já passaram quatro anos desde que deixou o FC Porto. Tem saudades do clube e da cidade?
-Sempre. Tenho falado muitas vezes com o meu empresário e digo-lhe: "pá, se há possibilidade de voltar ao FC Porto, estou sempre aberto". Isto por causa de tudo o que vivi lá. É tudo espetacular, o clube, as pessoas, a cidade. Vive-se muito bem. Claro que estou feliz no América e no meu país. Tenho saudades do clube e da cidade, foram anos fantásticos lá.
Como vê a equipa? Está bem lançada para o título?
-A equipa está bem, dificilmente fugirá o título. Com a saída do Luis Díaz era normal que perdesse alguma coisa, porque é um jogador de muitíssima qualidade, marcava a diferença e continua a jogar muito bem no Liverpool. Mas o FC Porto é uma equipa completa e está a realizar uma grande temporada. O Diogo Costa está a fazer um belo campeonato, no banco tem o Marchesín, outro grande guarda-redes. O Otávio é o líder da equipa, mais ainda depois da saída do Sérgio Oliveira, um dragão a 100 por cento. O Otávio está a assumir bem esse papel, é um jogador diferenciado. Sem stress, o FC Porto vai continuar lá em cima e conseguir ganhar o título no final.
Falou no Otávio, que foi dos poucos do atual plantel que ainda jogaram consigo. Os companheiros atuais dizem que ele é muito chato. Já era assim na altura?
-[gargalhada] Era. Foi sempre um grande chato, mas é um rapaz com muita alegria, gosta muito de viver e desfrutar a vida, é um gajo espetacular. Como jogador, já na altura dizíamos que tinha todas as condições para fazer grandes coisas. Tinha 21/22 anos e já se percebia que seria um grande jogador. Ver o que ele tem feito agora confirma isso mesmo. Quem partilhou o balneário com ele sabe perfeitamente que tem grande capacidade.
Além do Diogo Costa e do Otávio, há mais algum jogador que gostasse de destacar neste FC Porto?
-Sinceramente, tenho visto o filho do Sérgio Conceição, o Francisco. Gosto muito dele. É um jogador que me faz lembrar, com todo o respeito, o Messi. Pelas características que tem de jogador pequenino habilidoso, rápido e que gosta de ter a bola nos pés. Não o conhecia e pelo que tenho visto tem muito caráter. Além disso, jogar com o teu pai como treinador deve ser muito difícil, ainda por cima sendo o Sérgio Conceição. Por isso digo, além das grandes condições futebolísticas, deve ter grande caráter.
E do Galeno, lembra-se?
-Sim, claro. Na altura achava que era um jogador que tinha todas as condições, mas às vezes não tinha a melhor forma de reagir. Era um brasileiro com qualidade, mas nem sempre era capaz de fazer as coisas em condições nos treinos. Agora vejo-o um jogador muito mais maduro, que pode dar uma ajuda importante à equipa.
As laterais têm sido alvo de muita rotação esta época, posições que o Layún desempenhava. Que lhe parece?
-São bons laterais. Zaidu está a crescer muito. O Manafá também estava bem até ter esta lesão grave que permitiu ao João Mário agarrar o lugar. Honestamente, acho que o FC Porto não tem que estar preocupado com as laterais. Aliás, consegue sempre encontrar bons jogadores para ali. É uma questão de continuarem a aprender. Jogar no FC Porto não é o mesmo do que noutras equipas e o Zaidu chegou de divisões secundárias e de um ano no Santa Clara onde a pressão é muito menor. Gosto muito do Zaidu, na verdade.
Se o FC Porto realmente se sagrar campeão, a quem atribui maior dose de mérito? A Sérgio Conceição ou ao plantel?
-De todos. É impossível ter um bom treinador que consiga fazer tudo sozinho e o mesmo se passa com a equipa, podes ter grandes jogadores, mas se depois o treinador não está ao nível... É um trabalho partilhado por todos, a SAD ao escolher bem os jogadores juntamente com o treinador, o treinador a fazer os jogadores acreditarem no seu projeto para o jogo e os jogadores conseguirem fazer as coisas certas em campo.
A estreia na Liga dos Campeões e o triunfo na Luz "com tudo contra nós"
Layún deixou o FC Porto em janeiro de 2018, depois de 80 jogos de dragão ao peito dos quais foi desafiado por O JOGO a revelar qual não lhe sai da cabeça.
"Ui... são tantos. Lembro-me muito do meu primeiro golo na Champions contra o Maccabi Telaviv, o primeiro jogo na Champions contra o Dinamo de Kiev, em que fiz uma assistência para o Aboubakar. Mas destacava, talvez, quando ganhámos na Luz contra o Benfica [2015/16] porque tínhamos tudo contra e vencer lá foi top", refere, ainda que esse triunfo não tenha sido suficiente para chegar ao título.
O defesa não esconde, ainda, o desejo de voltar à cidade para matar saudades. "Tinha viagem marcada há dois anos, mas por causa da pandemia tive de cancelar e agora espero o momento certo. Pode ser que no final do ano vá, se não tiver a oportunidade de jogar o Mundial. Pode ser uma boa altura para ir lá e rever a malta toda", atira.