Pedro Silva, o treinador dos guarda-redes do Portimonense, fala da imensa qualidade dos seus pupilos dos últimos anos e diz que o atual dono das redes é já um caso sério de eficácia.
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Pedro Silva, o treinador de guarda-redes do Portimonense, sente enorme orgulho pelo facto de dois pupilos, com quem trabalhou recentemente, marcarem presença no Mundial do Catar.
O responsável pelo treino específico dos guardiões mostra orgulho pela presença de Payam e Gonda no Catar e assinala que Kosuke, a quem augura um futuro brilhante, "esteve quase a ir".
O iraniano Payam Niazmand não chegou a ser utilizado por Carlos Queiroz, mas esteve no palco de todos os sonhos, enquanto o japonês Shuichi Gonda anda nas bocas do mundo, sobretudo depois de ter defendido as redes do seu país nas "incríveis" vitórias sobre a Alemanha e a Espanha. Na segunda-feira, defendeu um penálti (no desempate), mas não foi suficiente para garantir a passagem do Japão aos quartos de final, caindo aos pés da Croácia.
"É um motivo de imensa satisfação poder ver jogadores que treinei em competições como um Mundial ou um Europeu. Ou mesmo a atuarem num grande clube. É gratificante e mostra a valorização que têm, independentemente de jogarem ou não e de serem mais ou menos utilizados", garante Pedro Silva, de 48 anos, que chegou a Portimão em 2009, como atleta, abraçando a seguir a carreira de técnico.
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"O Kosuke também esteve quase a ir ao Mundial, seria mais um, mas fica para a próxima", revela, aludindo ao atual dono da baliza dos algarvios, que é igualmente internacional japonês e conquistou esta época a titularidade, após a saída de Samuel para o FC Porto. "Esteve dois anos à espera, sempre paciente e a trabalhar, até que surgiu a sua hora", sublinha o treinador, destacando a qualidade de um "aluno" que, segundo ele, vai atingir um "patamar ainda mais alto".
Kosuke Nakamura tem contrato até 2025, enquanto o compatriota Gonda jogou duas temporadas no Portimonense, disputando cerca de uma vintena de jogos, numa altura em que Ricardo Ferreira era o protagonista entre os postes. Saiu em 2020/21, primeiro como emprestado e depois "vendido" ao Shimizu, a troco, no total, de três milhões de euros. Hoje, face a estas evidências, as comparações são inevitáveis.
"O Kosuke e o Gonda não são idênticos como guarda redes, mas são os dois muito bons. Têm caraterísticas próprias da sua nacionalidade, sendo bastante disciplinados, profissionais e nunca perdem o foco. O Kosuke agarrou esta oportunidade dada pelo Paulo Sérgio e está a justificá-la, com atuações de nível, sempre seguro, o que para mim não é surpresa", assinala Pedro Silva, garantindo, de imediato, que "o Kosuke tem potencial para chegar tão ou mais longe do que o Gonda".
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Elogiando a aplicação do seu atual pupilo nos treinos, sem se esquecer da importância dos outros guardiões do plantel no trabalho diário e valorização coletiva, o técnico lembra que os 27 anos de Kosuke são sinónimo, ainda, de evolução, comparando com os 33 de Gonda, quiçá na fase mais madura da carreira. "Também por isto acredito que o Kosuke vai chegar mais longe. Tem muitos anos pela frente para jogar sempre a um nível de eleição".
Pedro Silva fez também questão de destacar a qualidade de todos os guardiões alvinegros dos últimos anos, fruto de um trabalho extensivo "à administração, que os contrata, ao Paulo Sérgio, que lhes dá as oportunidades, e a mim, quero pensar que sim, bem como a toda a equipa técnica". Em suma, remata, "todos saem valorizados", enfatizando as "boas escolhas" da SAD.
Samuel também merece prémio de persistência
Outro caso de sucesso com o carimbo do Portimonense e de Pedro Silva é Samuel Portugal, que no início desta temporada rumou ao FC Porto. O guardião brasileiro rubricou duas épocas de elevado nível, levando ao interesse dos dragões, mas, lembra o técnico, "esteve quase dois anos à espera da sua hora", na sequência do que se passou, também, com Kosuke, que, por sinal, foi o seu sucessor na baliza dos algarvios. "Às vezes, é ingrato ser guarda redes, porque só podes jogar entre os postes e apenas há lugar para um", releva Pedro Silva, sublinhando que importa manter a aplicação e acreditar que a oportunidade pode surgir a qualquer momento.