Zé Roberto viaja pelo seu aparecimento bombástico: 12 golos em 17 jogos, posicionando-se como sensação do ataque minhoto. Jogara com Deco nos sub-20 do Corinthians e chegou como desconhecido, à experiência, virando reforço brutal em janeiro: marcou a águias, leões (bisou em Alvalade) e dragões.
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Zé Roberto foi artista de luxo do Braga em 2000/01, de safra preciosa, diamante raro que chegou e logo cintilou, deixando o adepto boquiaberto. Com passado na formação do Corinthians, ao lado de Deco, e passagem pelo México, o médio-ofensivo brasileiro foi identificado por António Caldas como reforço para a equipa B e logo escancarou portas da formação principal, entrando de rompante nas contas de Manuel Cajuda, em janeiro. No saldo final, houve 12 golos em 17 jogos e contributo decisivo para um quarto lugar.
Zé Roberto, hoje com 47 anos, voltou a viver em Portugal, na Póvoa de Varzim. Numa conversa com O JOGO, lembrou um pouco da sua história, definida com um golo, nessa mesma época de 00/01, num triunfo sobre o Benfica, por 3-1. “Cheguei por intermédio do António Caldas, meio à experiência, e foi num jogo-treino em Vila Verde que começou. Tudo rápido e fantástico. Percebi as minhas chances, agarrei-as e foi maravilhoso”, documenta Zé Roberto, que em poucos meses virou artilheiro no 1.º de Maio e um dos dez melhores marcadores da liga. “Pude somar bastante, numa época muito boa que rendeu um quarto lugar com a chamada equipa da lojinha dos 300. Cheguei muito forte fisicamente, encaixei e os companheiros ajudaram imenso na adaptação”, observa, grato a Cajuda. “Confiou em mim, quando eu não era conhecido. Isso foi fundamental, percebi a liberdade que tinha em campo para dar o melhor. Também me puxou a corda algumas vezes, coisas que não entendia, e mais tarde percebi como necessárias”, relembra.
O disparo fulminante de Zé Roberto surpreendeu vários rivais e apanhou Enke desprevenido num 3-1 sobre o Benfica. Brilhou também Luís Filipe, com dois golos. “Foi um livre no lado direito, todos davam indicações para que colocasse a bola na área, mas vi o Enke posicionado de forma aberta e decidi bater direto no canto esquerdo dele. Ainda tocou, mas não impediu o golo. Foi um jogo eletrizante, com um 1.º de Maio a abarrotar. Uma noite fantástica para todos!”, nota.
De vítima em vítima. Antes de ter tramado o Benfica, já fizera misérias na baliza do Sporting. “Esse é um dos jogos em que estava de fora, a imaginar o que podia fazer ou não. Não acreditava que seria mágico. Mas foi, fiz dois golos e operei a reviravolta. Foi um jogo brilhante. O Sporting esteve melhor, mas os meus golos deram-nos a vitória. Comecei triste, no banco, furioso com o Cajuda, mas essa é a vida de um jogador. O importante foi como acabou”, enfatiza Zé Roberto, que perdeu fulgor nas épocas seguintes, passando ainda por clubes como Beira-Mar, Naval e Alverca.
Com olhos postos no que foi esta época, sem descurar o que está para trás, as promessas de uma equipa de topo capaz de jogar taco a taco com os grandes, Zé Roberto deixa a sua análise do que pode dar este encontro, entendendo a perda de algum substrato anímico. “São várias temporadas interessantes e acho que podem chegar mais longe. Este jogo podia mostrar um Braga com esse apetite de ser campeão. É pena! Já tiveram a chance, mas não conseguiram; têm logrado alguns pódios. Falta essa inspiração para este encontro, mas será um grande espetáculo, visto por milhões, o que será motivador”, precisa, apontando o elemento que lhe enche as medidas. “Tem um plantel completo, não precisa de um jogador que decida. Há qualidade vasta, mas agrada-me muito o Zalazar, polivalente e com bom disparo. Gosto desse estilo”, valoriza.
Os créditos do grande Braga, feroz nos campos de batalha, são também dirigidos a quem preside. “É importante ter feito parte do passado do Braga e apanhar este crescimento com conquistas tão valiosas. Vejo estruturas, vejo títulos, e só falta mais um. Salvador tem esse papel cimeiro em tudo isto”, acrescenta.