Médio com mais golos nas dez maiores ligas cumpre à risca as ordens de Roger Schmidt, que lhe pede mais remates.
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Com outro um bis, o terceiro da época, João Mário abriu caminho a mais um triunfo "sem espinhas" do Benfica no campeonato, no 3-0 sobre o Casa Pia.
O camisola 20 das águias mais do que duplicou, da última época para a atual, a média de remates à baliza e de toques na área adversária, tendo um registo sem paralelo desde que explodiu no Sporting.
Com mais esta dose dupla de tiros certeiros, o camisola 20 dos encarnados chegou aos 12 golos na Liga Bwin - cinco de penálti -, igualando os avançados Gonçalo Ramos e Fran Navarro.
Com estes dois tentos, garantiu mais um feito na sua carreira, pois destacou-se na Europa como o médio mais goleador dos dez principais campeonatos da UEFA.
Os elogios e os números do "novo" camisola 20
De facto, e olhando aos dados do site "Transfermarkt", que regista transferências e também desempenhos individuais, João Mário superou Buyalskyi (Dínamo Kiev) e Noboa (Sochi), ambos com dez golos no currículo da temporada nos campeonatos ucraniano e russo, respetivamente. Deixou ainda para trás Pedro Gonçalves, que costuma palmilhar os mesmos terrenos que João Mário, tanto no meio como nas alas, tendo o jogador do Sporting também dez tentos.
No final do jogo com o Casa Pia, o internacional português de 30 anos ouviu os elogios de Roger Schmidt, considerando o médio como "um jogador completo". "Agora está a mostrar que também marca golos, já tínhamos falado sobre isso", prosseguiu o técnico alemão que tem trabalhado com o camisola 20 a finalização e também as suas movimentações no sentido de atacar mais a área adversária e procurar espaços para visar a baliza. Os dois golos ao Casa Pia, ambos obtidos na área, são exemplo da abordagem ofensiva que o treinador alemão espera de João Mário.
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As estatísticas individuais que o médio apresenta comprovam esta mudança de chip. De acordo com os dados da plataforma "Wyscout", João Mário tem uma média de 1,92 remates a cada 90 minutos, mais do dobro dos 0,73 da época passada, sendo o melhor registo desde que o jogador explodiu pelo Sporting, em 2015/16. De lá para cá, apenas se aproximou em 2019/20, quando alinhou pelo Lokomotiv de Moscovo.
Há outro indicador que sustenta esta nova forma de jogar de João Mário, nos corredores laterais, mas mais por dentro e mais perto da área. De 2015/16 até agora, nunca tinha acumulado tantos toques na área (2,92 por 90 minutos) como esta época, novamente mais do dobro da anterior (1,12) e com 2019/20 mais próxima (2,22).
Missão já incluiu golos milionários
No registo da época, e além dos 12 golos assinados na Liga Bwin, João Mário tem deixado marca também na Liga dos Campeões, tendo apontado quatro tentos na competição, dois à Juventus, um ao PSG e um ao Maccabi Haifa. Deste lote de disparos, apenas o último não teve como ponto de partida uma grande penalidade, mas foi também determinante na caminhada europeia das águias até aos oitavos de final. Se os penáltis se revelaram decisivos para um empate (PSG) e duas vitórias (Juventus), o derradeiro carimbou a passagem em primeiro lugar no grupo. Em Israel, o Benfica goleou por 6-1, tendo João Mário fechado as contas que, recorrendo ao sexto critério de desempate - maior número de golos marcados fora -, destronou o colosso francês do topo do grupo.
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Como águia voa mais para o golo
Em duas épocas de águia ao peito, João Mário, que fez toda a sua formação no Sporting, acumula já 20 golos (e 16 assistências), num registo que, com os dois golos de sábado, supera o somatório pelo clube verde e branco, incluindo equipa principal e bês. Em Alvalade, o médio festejou 18 tiros certeiros (16 pelos principais) e 17 passes letais. Desta forma, tanto em números de golos, como em participação, o João Mário na versão encarnada supera aquele que brilhou pelos leões e levou o Inter a pagar 40 milhões de euros, em 2016/17 para o contratar.
Schmidt leva-o para todo o lado
No rol de elogios que proferiu publicamente após o triunfo sobre o Casa Pia, Roger Schmidt sublinhou que João Mário "faz com que os colegas joguem melhor". Por isso, não prescinde do camisola 20, que só perde em minutos para Vlachodimos, Grimaldo e Florentino. Além disso, o treinador alemão arrancou a época com o médio a atuar a partir da ala esquerda para o meio, agora coloca-o sobre a direita (também a derivar) para dentro e já o colocou, durante os jogos, no apoio ao avançado e até como segundo médio.