João Aroso: "Convidaram-me para ser um elemento com relevância na estrutura técnica"
ENTREVISTA, PARTE I >> Adjunto do Vitória durante mais de um ano, João Aroso explica por que razão não aceitou convite do presidente, António Miguel Cardoso, para continuar num clube "muito especial"
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João Aroso, 50 anos, ex-adjunto do Vitória, revela que só soube da decisão de Moreno no dia em que o treinador saiu e conta por que razão não aceitou o convite para continuar no clube minhoto.
Ser treinador principal é o próximo objetivo, mas nunca teve a intenção de assumir o cargo no clube vitoriano ou, como garante, de prosseguir integrado noutra equipa técnica.
A experiência no Vitória foi uma das mais ricas do seu percurso?
-Acho que sim e com todo o respeito por todos os clubes por onde passei. No Sporting, estive muitos anos e em dois momentos diferentes. E, como costumo dizer, acima disso não há mais nada, que é representar a nossa Seleção, mas o Vitória foi muito especial, muito intenso, pela paixão com que as pessoas que lá trabalham ou, as da própria cidade, vivem o clube.
O que é que correu mal em mais de um ano?
-É difícil responder. A época passada foi muito bem conseguida. Era possível fazer melhor e houve resultados muito duros. Destaco a derrota em Braga para a Taça de Portugal. Estávamos a ganhar 2-0 ao intervalo com uma exibição notável, perto de fazer o 3-0, pelo Nelson da Luz, e depois passámos de heróis a vilões. Foi um mau momento emocional. Claro que a eliminação da Liga Conferência também custou muito, mas foi totalmente diferente. Depois de um bom jogo fora, não fomos competentes em casa e pagámos muito caro, acabando por ter um grande impacto.
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Ficou surpreendido com a decisão de Moreno?
-Não sabia que ia acontecer. De certa forma, fiquei surpreendido, mas conheço bem o Moreno. É muito emocional e houve momentos na época anterior em que, perante uma derrota ou uma fase negativa, ia-se muito abaixo, mas conseguimos reerguê-lo sempre.
Só soube no dia do jogo com o Estrela?
-Só soube nesse dia. Ele já tinha tomado a decisão antes, mas eu não sabia. Foi uma decisão dele, que eu respeito. Tive alguns sinais que alguma coisa não estaria bem, mas só tive a perceção de forma clara quando, no final do jogo, o André André parecia estar pegado com o Moreno. O André tinha sabido algum tempo antes e estava a tentar demovê-lo.
Por que razão não aceitou o convite do presidente para continuar?
-Só aceitei ir para o Vitória por ser um contexto especial. Pelo clube, pela forma como o Moreno me convenceu, por me fazer acreditar que era um elemento importante para o ajudar. Esse contexto terminou quando o Moreno saiu.
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Sentiu firmeza por parte do presidente?
-Senti um empenho muito grande para que eu continuasse e propuseram-me renovar por alguns anos. Durante a semana a seguir, em que transmiti que não era esse o meu objetivo, foi-me dito para refletir, disseram-me muitas coisas que me tocaram, mas expliquei que a minha missão tinha terminado.
Para que funções o convidaram?
-Para ser um elemento com relevância na estrutura técnica, independentemente de quem fosse o treinador.
E aceitaria se fosse para ser treinador principal?
-Essa hipótese não me foi apresentada e acredito que o presidente e a Direção teriam claro que, saindo o Moreno, não ficaria no lugar dele ou como adjunto de outro treinador. Quando aceitei o convite não foi a pensar que podia ser treinador principal do Vitória. E posso acrescentar que ponderei sair no final da época passada, por sentir que ajudei muito e que a minha missão estava cumprida. Coloquei essa possibilidade ao Moreno e fiquei contente porque ele reiterou o gosto em que eu continuasse.