Técnico lembra que a paragem para as seleções também traz vantagens e diz que vontade bate o cansaço
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A passagem por FC Porto, Benfica e Sporting deu a Jesualdo Ferreira uma vasta experiência a lidar com as preocupações que Rúben Amorim e Sérgio Conceição enfrentam nesta altura com os internacionais.
Situação de Pepe é paradigmática: três jogos numa semana provocam grande desgaste, mas o moral ganho ajudará a que recupere rapidamente
A O JOGO, o professor mostra-se convicto de que o desgaste e o regresso tardio destes atletas não influenciará o desenrolar do clássico.
Que preparação um treinador pode fazer, ainda por cima para um clássico, com tantos internacionais a voltarem em cima do dia do jogo?
-A debanda dos internacionais no final de um jogo e o regresso em cima do seguinte, muitas vezes com viagens entre continentes, provoca alguns desequilíbrios. Mas nem sempre se perde tudo. Até se ganha muito, porque é um momento em que se integram jogadores mais novos, regressam lesionados e os restantes jogadores podem fazer um treino mais específico. Mas tem o aspeto negativo de criar alguns desequilíbrios entre jogadores, porque os internacionais chegam com o desgaste dos jogos, que costumam ser intensos, e das viagens. E mais: por vezes, os jogadores voltam sem jogar e acabam por perder uma atividade competitiva importante.
Com tão pouco tempo de trabalho, há algum aspeto em que os treinadores se focam mais?
-Como os jogadores chegam com fadiga acumulada, é feito um trabalho de recuperação e, por vezes, não chegam a integrar estruturas de treino sobre o que se pretende no jogo. Por isso, faz-se mais um trabalho com recurso a imagens e com informações das análises que se fazem aos adversários e a eles próprios, porque falar do jogo anterior também é importante. Mas, basicamente, é recuperar os internacionais e manter os outros em atividade boa, dentro do que são as preocupações do treinador.
O desgaste e o regresso tardio podem criar dúvidas no treinador adversário em relação à construção do onze?
-As dúvidas são tanto para o adversário, como para o próprio treinador da equipa. [sorriso] São situações que não se consegue alterar. Quem tem internacionais tem a vantagem de ter jogadores de qualidade, mas, a dado momento, também enfrenta algumas desvantagens dentro de uma competição densa.
Tendo em conta os minutos que alguns dos internacionais de Sporting e FC Porto tiveram neste período, alguma equipa chega pior ao clássico? O Pepe, com 37 anos, participou em três jogos...
-Os treinadores de cada equipa é que têm os meios para observar qual o momento dos jogadores e se eles podem ir a jogo com o máximo de condições. Agora, é evidente que todo e qualquer jogador que no espaço de uma semana faz três jogos apresenta um grande nível de desgaste. Mas todos os jogadores, principalmente os que estiveram na seleção de Portugal, estão num momento alto do ponto de vista moral. E isso é uma das coisas que acrescentam muito na forma como se recupera e se volta. Mentalmente os jogadores estão bem e isso ajuda muito na recuperação física.
Que impacto poderá ter este período de seleções no desenrolar do clássico?
-É difícil responder, mas acredito que não terá grande influência. Há uma coisa que eu sei: nenhum jogador que esteve envolvido nos trabalhos das seleções nacionais vai dizer que não quer jogar o clássico; só se estiver lesionado. Podem vir cansados, mas vão querer jogar. A vontade supera o cansaço.