ENTREVISTA, PARTE I - O treinador levou a nau de Portimão a bom porto e, para além da permanência, conseguiu valorizar uma mão cheia de miúdos, com o goleador, naturalmente, à cabeça. Porém, divide o mérito por todos
Corpo do artigo
A caminho da terceira época ao serviço dos alvinegros, Paulo Sérgio reflete a tranquilidade de quem, por mais ambicioso que seja, está preparado para vários cenários no que diz respeito à formação do plantel. Numa longa conversa com O JOGO, mostra satisfação por ver que alguns dos seus pupilos podem "chegar ao céu".
É incontornável falar dos jovens que foram lançados: Beto, Fali Candé, Luquinha...
-Felizmente, metemos muitos no panorama do futebol português, jovens que eram desconhecidos, tiveram a sua chance, alguns ainda na época anterior, e agarraram as oportunidades, mas ainda têm de trabalhar muito para atingir um nível maior. Se continuarem a evoluir, depois o céu é o limite. Importa que sonhem alto e que sejam ambiciosos. Esses jovens têm já essa ambição e um futuro risonho.
O Beto é o melhor desses exemplos?
-Não queria destacar nenhum, mas, se me pergunta pelo Beto, digo que a continuar assim, e com esta evolução, pode de facto sonhar alto.
O ser constantemente associado ao interesse de grandes clubes não o perturbou?
-Tanto se falou no Beto!.... Não mexeu com ele, porque tem uma cabeça boa, uma cabeça forte, é dono de uma atitude obstinada, no trabalho diário, e, apesar de ter atuado com limitações nos últimos quatro ou cinco jogos, nunca se refugiou. Deu o que tinha, com a alma toda e um caráter tremendo, mesmo limitado fisicamente. Não mexeu com ele, por se falar tanto, mas, por vezes, mexe com os do lado.
O que quer dizer com isso?
-Toda a gente quer aparecer, são jovens, e falar-se insistentemente no A e não no B, enfim, todos os jogadores trabalham para o grupo, para que o Beto brilhe, depois fala-se só no Beto, daí que eu diga que possa mexer mais com os outros. É inevitável, embora preferisse que não se falasse tanto. Tenho o cuidado de ir dividindo o mérito por todos, não há nenhum Beto que jogue e marque golos sozinho, mas no futebol olhamos sempre mais para quem mete a bola dentro da baliza e há outros que também mereciam ser destaque.
Nesta sequência de ideias, arrisca perder alguns jogadores?
-Posso perder alguns jogadores, dos muitos que se fala, como posso não perder nenhum. Sei que a SAD não precisa de vender, tem as contas equilibradas, está forte, é a mensagem que me chega, mas há negócios aos quais não se pode dizer que não. Se alguns saírem, terão de ser substituídos em qualidade e com critério. Enquanto o mercado estiver aberto, não se pode afirmar que ninguém sairá.
Embora sem um conhecimento profundo sobre possíveis saídas, que posições pretende reforçar?
-Não pretendo fazer nenhuma revolução. Há saídas de jogadores que estavam emprestados e há posições deficitárias que vamos procurar suprir. Talvez uns quatro ou cinco jogadores necessários para posições específicas. Depois, se houver saídas, teremos de ver e analisar. O foco, óbvio, é o de preencher o que não tínhamos. Senão, procurar no mercado em qualidade e até na quantidade exigida.