"Qualidades técnicas do Imbula são inquestionáveis, lembro-me bem da passagem pelo FC Porto"
ENTREVISTA, PARTE II - O médio congolês de origem belga, que passou pelo FC Porto, treinou já alguns meses sob as ordens de Paulo Sérgio, cuja análise diz tudo: a qualidade está lá, só falta melhorar o índice físico
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Ambição quanto baste para a próxima época, o mesmo olhar sobre os sub-23 e uma boa dose de paciência para ver o projeto crescer. Está tudo na agenda do técnico.
O Imbula foi o primeiro reforço a ser anunciado e já esteve integrado no plantel. Vai ser importante?
-O Imbula trabalhou num contexto sem competição, alvo de uma avaliação diferente. Para a preparação do jogo não fazia parte. As suas qualidades técnicas são inquestionáveis, lembro-me bem da passagem pelo FC Porto e do que ele fez. Agora, está há alguns meses ausente da competição e espero que consiga adquirir níveis de forma física que lhe permitam mostrar o futebol que tem na cabeça. Falta-lhe ter correspondência em termos físicos e é nisso que vou apostar, porque a qualidade está lá.
Podemos esperar por um Portimonense mais ambicioso?
-Será o nosso trabalho a dizer se teremos andamento para sermos mais ambiciosos. Sonhar não paga imposto, todos sonham com grandes temporadas, depois, todavia, é o campeonato que vai medir essa ambição, mas o mais relevante, continuo a dizer, é focar no jogo seguinte, que vai determinar o imediato e por aí fora. O primeiro objetivo é a permanência, depois podemos sonhar, ninguém foge à regra, tirando três ou quatro clubes que têm outros objetivos. Para os demais, acho que é abrangente.
Uma vez que continua atento à equipa de sub-23, há lá mais gente para ir buscar?
-Estou atento aos sub-23, sim, faz parte do meu trabalho e do projeto do clube. É difícil tirar todos os anos seis ou sete, mas há alguns que vamos chamar para iniciarem a pré-época connosco, a quem auguro um futuro positivo, como o central canhoto Filipe Relvas, no qual deposito grande expetativa.
Foi duro alcançar a permanência mesmo no final do campeonato?
-É natural que um grupo como o nosso tenha de lutar até final para alcançar o seu objetivo. Esperava que fosse umas jornadas antes, mas foi um problema que assolou a nossa equipa e outras, estavam muitas embrulhadas nesta luta. Da permanência à Europa, a três ou quatro jornadas do fim, até nós podíamos lá chegar. Tivemos momentos de qualidade, outros nem por isso, mas que fazem parte do crescimento de uma equipa com muita gente jovem. É preciso tempo e é natural que assim seja.
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Arranque dia 28 e jogos em análise
A pré-época está delineada, com os jogos de preparação ainda em análise, porque "não é fácil conseguir adversários e os nossos vizinhos dos escalões inferiores voltam mais tarde ao trabalho, mas vamos ter aí algumas equipas estrangeiras". O arranque é dia 28, com testes físicos e médicos, de manhã, à tarde com treinos, e, depois, na segunda semana, com treinos bidiários, sempre "nas nossas instalações".
"VAR penalizou-nos e não é choradeira"
"O desempenho do VAR penalizou-nos bastante, é factual, está documentado, não é choradeira. Temos provas de que nos retiraram pontos, por decisões quanto a mim incompreensíveis", atira Paulo Sérgio. "Se eu quero ser melhor no próximo ano, acredito que a arbitragem também pensa assim. Não é do árbitro no terreno que eu me queixo, mas sim das decisões do VAR, que não o ajudaram a decidir melhor".
"Palermices" fazem parte do processo
Durante a época, Paulo Sérgio falou várias vezes em "palermices" e "aselhices", que custaram pontos à equipa. Agora, o treinador considera que "é próprio esse tipo de erros num grupo de jovens, junto dos quais se está a implementar um conjunto de ideias", embora os mais velhos também entrem neste cenário. "Fiz essa afirmação quase em desespero, para que todos se concentrassem mais".
O arrumar da casa é fundamental
Em janeiro saíram alguns jogadores (Fernando, Júlio César, Welinton Júnior) e entraram outros (Ewerton, Bruno Moreira, Poha), um arrumar de casa que se revelou fundamental. "As chegadas aumentaram a qualidade do treino e aportaram qualidade ao grupo, obrigando os que já estavam a ser melhores. Esse equilíbrio foi relevante para fazer coisas boas".