Gonçalo Ramos ganha corpo e peso na equipa: "Tem de manter o foco a cem por cento"
A O JOGO, o primeiro treinador de Ramos, Rui Pinto, defende que "Nélson Veríssimo sabe tirar o melhor rendimento" do jovem, que fez quatro golos nos derradeiros seis jogos, onde foi sempre titular.
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O melhor Gonçalo Ramos tem vindo a aparecer esta temporada, a sua segunda no plantel principal do Benfica e com uma afirmação maior desde a chegada de Nélson Veríssimo. Se, com Jorge Jesus, o avançado estava no fim da lista das opções, com claros reflexos na sua utilização e rendimento em campo, com o ex-treinador da equipa B encarnada tudo mudou.
Frente ao Portimonense, foi o golo do camisola 88 que valeu o triunfo das águias por 2-1 no Algarve, de onde é natural, ele que também já fora o responsável mais direto pelo abrir do caminho ao triunfo na partida anterior na Liga: frente ao Vitória de Guimarães, Ramos fez o golo que desbloqueou o 0-0, em partida que os encarnados viriam a ganhar por 3-0.
Decisivo nos últimos dois jogos, o atacante de 20 anos soma e segue, ganhando preponderância no onze encarnado, ele que na época passada na Liga apenas num bis frente ao Nacional pesou num triunfo das águias por 3-1. Com Veríssimo e nas últimas seis jornadas, foi sempre titular e marcou quatro dos seis golos que tem, todos na Liga. Sob a gestão do atual técnico, tem cinco golos em nove presenças; com Jesus, ficou-se por um tento em 16 presenças, a maioria residual em minutos.
"O Nélson [Veríssimo] já conhecia o Gonçalo e sabe tirar o melhor rendimento das suas capacidades e qualidades. Não é fácil dar oportunidades a um qualquer jogador numa equipa recheada de tantos e bons valores mas o certo é que o Gonçalo está aí. Joga e marca. Este registo dele é fruto do trabalho, personalidade, força de vontade e do espírito de luta do Gonçalo, que vai para além das capacidades técnicas que tem", justifica a O JOGO Rui Pinto, seu primeiro treinador, nas camadas jovens do Olhanense.
O hoje adjunto do Moncarapachense - e responsável pelos sub-23 - sublinha que "o Gonçalo ainda está em crescimento e para singrar é necessário manter o foco a cem por cento, sobretudo em termos de treino invisível, da alimentação aos cuidados inerentes à carreira de profissional de futebol".
Recorde-se que após o jogo de domingo, também Veríssimo elogiou o avançado mas deixou-lhe um aviso: "Tem de continuar a trabalhar como se não houvesse amanhã. O Gonçalo está a fazer bem o seu trabalho mas não posso esquecer todos os outros que trabalham diariamente para ter a sua oportunidade", vincou o treinador das águias.
Já ataca o pódio dos melhores na Europa
Esta temporada, e com o tiro certeiro disparado no alvo do Portimomense, Gonçalo Ramos soma seis golos e todos apontados em jogos de campeonato. Neste particular, é o jogador mais jovem com melhor registo goleador na Liga Bwin, mas a extensão da análise a um mercado mais vasto mostra que o camisola 88 surge já entre os melhores da Europa com a sua idade. De facto, e olhando aos cinco principais campeonatos (mais o português) do ranking de países da UEFA, registando jogadores até 20 anos, como o dianteiro das águias, apenas três apresentam, nesta altura, mais golos no currículo e todos em França. Ekitike, do Stade Reims, marcou nove, Kalimuendo (Lens) e Wahi (Montpellier) têm sete, mais um que Ramos, que tem menos minutos que os três concorrentes referidos.
Marca mais depois do minuto 80
Gonçalo Ramos assinou frente ao Portimonense o golo uma dúzia pela equipa principal dos encarnados, concretizado à passagem do minuto 50 e que sentenciou o resultado final para o lado do Benfica. Porém, fazendo uma espécie de raio-x temporal aos momentos em que o jovem dianteiro mais marca, percebe-se que tem sido um perigo maior depois do minuto 80, até pelo facto de, em período de afirmação, ser mais vezes lançado na parte final das partidas. Nesse período, Ramos fez sete dos nove golos que marcou em segundas partes. Nas primeiras, fez apenas três.
Fez dupla com três "rivais"
A época em curso está a ser a de afirmação mais evidente de Gonçalo Ramos pelo Benfica, como se percebe pelos 16 jogos que soma já na condição de titular, contra os apenas quatro em 2020/21 e nenhum em 2019/20. Na campanha atual, o camisola 88 das águias foi lançado em cinco encontros como única referência atacante, mas foi em dupla com Darwin que mais jogos somou de início, num total de seis. Segue-se a parceria, em três partidas, com Yaremchuk, como aconteceu em Portimão, e em duas ao lado de Seferovic.