Segundo o ex-líder, o objetivo era que não se registassem condutas impróprias num plantel com muitos jogadores novos. Não se recorda de quem foi a ideia, mas a ordem partiu dele
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Presidente do Sporting à altura dos factos constantes do processo conhecido como caso Cardinal, Godinho Lopes assumiu ontem, em mais uma sessão do julgamento, ter sido ele o responsável pelas atividades de vigilância noturna aos jogadores do Sporting, feitas por uma empresa privada (a Businlog), a partir do verão de 2011. O ex-líder do clube disse não se lembrar da origem da ideia, que visava ter os jogadores, sobretudo os mais jovens, debaixo de olho para que não sofressem desvios de conduta.
"Seria interessante enquadrar os jogadores para a prestação desportiva ser adequada. Falei com Luís Duque, não me lembro se com Carlos Freitas [ver peça ao lado], que estranho que não saiba, e contratámos uma empresa, para que não estivessem na rua à noite, não houvesse bebida, para respeitarem o descanso. Era serviço de vigilância. Não sei precisar a origem da ideia, se fui eu, Luís Duque ou Paulo Pereira Cristóvão. Ouvi que se fazia noutros clubes e eu quis que fosse formal. Pedi a Paulo Pereira Cristóvão para encontrar uma empresa para o fazer; ele apresentou uma vocacionada", contou Godinho Lopes, que reconheceu "práticas ardilosas" que na altura não detetou, nomeadamente na redação do contrato com a citada empresa: "Se calhar não era possível colocar preto no branco o objetivo do contrato. Na altura não tirei conclusões."
Sobre o assunto principal do processo, a tentativa de cilada a José Cardinal, Godinho Lopes disse "nunca" ter suspeitado de "que a iniciativa fosse de alguém do Sporting", explicando que achou "estranho" PPC ter insistido em abrir a carta da denúncia anónima que alguém teria deixado no polidesportivo de Alvalade, a 21 de dezembro de 2011.