Técnico acredita que pode dar a volta à crise, mas tudo o que se passou será discutido com Luís Filipe Vieira.
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As últimas notícias a dar conta do cenário de Luís Filipe Vieira aceitar a saída de Jorge Jesus do comando técnico do plantel desde que por iniciativa própria fizeram soar alarmes na Luz, mas mais na perspetiva comunicacional.
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Na realidade, e ao que O JOGO apurou, o cenário contrário ao atrás relatado não é consensual no seio diretivo dos encarnados, mas a posição do presidente não se alterou ainda. O futuro do treinador e até do rumo a seguir pela SAD na perspetiva da próxima época será alvo de avaliação interna, olhos nos olhos, entre quem tem responsabilidade para o fazer.
Luís Filipe Vieira não o esclareceu ainda publicamente, mas está previsto, como aliás em qualquer organização ou empresa, a realização de um ponto da situação e o timing definido é o final da época, altura em que serão contabilizados os lucros ou prejuízos desportivos e tudo o que aconteceu para esse efeito. O presidente irá reunir-se com Rui Costa, o administrador e vice-presidente responsável pelo futebol - pasta assumida em exclusivo após a saída do diretor-geral Tiago Pinto, no início de janeiro, para a Roma -, e ainda Domingos Soares Oliveira, o CEO da SAD, o "homem do dinheiro", como é visto na Luz.
Porém, o líder das águias irá também sentar-se à mesa com Jorge Jesus. O objetivo do encontro é fácil de explicar, pois em cima da mesa estarão as explicações para uma época que, nesta fase, se perfila de fracasso desportivo, dado o atraso de 15 pontos para o líder Sporting e o quarto lugar com o Paços de Ferreira a respirar no pescoço da águia na quinta posição. Ainda falta quase uma volta da Liga NOS, o Benfica está em vantagem para chegar à final da Taça de Portugal - venceu o Estoril nas meias-finais por 3-1 na Amoreira - e discute amanhã a passagem aos oitavos de final da Liga Europa com o Arsenal, após o 1-1 caseiro na primeira mão. Mas o título nacional era o objetivo primordial e na Luz, mesmo sem ser assumido, é visto como uma miragem e a qualificação para a próxima edição da Liga dos Campeões, via segundo lugar (ocupado pelo FC Porto) ou terceiro (na posse do Braga) uma espécie de mal menor.
O treinador não coloca a possibilidade de abandonar o barco logo no início da viagem e, em idêntico sentido, o presidente das águias considera que este ainda é o homem certo para o projeto
O futuro do treinador, que tem mais um ano de contrato, será discutido no final da temporada, o que significa que Jorge Jesus tenciona terminar a época, sabendo o nosso jornal que não admite deixar a tarefa a meio e confiando que pode dar a volta à crise desportiva que se vive atualmente, até porque continua a apontar que foi a pandemia que minou o seu trabalho, algo que não vê repetir-se futuramente. Também Luís Filipe Vieira, que segurou Jesus em 2010 em idêntica situação, confia que este é o treinador certo para o projeto que levou a um investimento inédito de mais de 100 milhões de euros no reforço do plantel, entre o mercado de verão e o último, de janeiro.
Culpas partilhadas e união em comunicado
Este será o mote da próxima intervenção de Luís Filipe Vieira, que, segundo está planeado, irá partilhar responsabilidades pelo momento desportivo atual e não irá carregar esse peso, em exclusivo, em cima dos ombros de Jorge Jesus, um treinador com quem tem uma relação muito próxima e que, em caso de possível divórcio, não irá demorar a encontrar colocação, tal o cartel que deixou no Brasil, o que não implicaria avultadas indemnizações a suportar pelos cofres benfiquistas.
Através da sua newsletter oficial, os encarnados asseguram que "não há guerra de qualquer espécie (ou temperatura) no seio do Sport Lisboa e Benfica" e que "o tempo é de união e não de passa culpas" porque, avançam, "já há muito que o Benfica deixou de ser gerido de fora para dentro". "São anos e sucessivas decisões importantes a comprová-lo. Sabemos onde estamos e para onde vamos. Conhecemos o contexto em que estamos inseridos e que desafios temos pela frente", é referido, embora, como referido atrás, haja no seio benfiquista quem demonstre insatisfação e desejo de mudança.
Ainda de acordo a mesma publicação, e no âmbito do futebol, os objetivos "mais imediatos são os seguintes: passar a eliminatória da Liga Europa; atingir a final da Taça de Portugal; e, na Liga NOS, tal como Jorge Jesus já explicitou, ir de degrau em degrau, trepando na classificação, para no final fazer as contas". É assim ouvida a mesma voz do treinador, do que tem afirmado nos últimos jogos, sendo garantida, uma vez mais, união. "Que não haja dúvidas: não obstante as muitas adversidades, seguimos juntos na demanda de recolocar o Benfica no lugar que os benfiquistas desejam e merecem", pode ler-se na "News Benfica".