Associação vai ter seis clubes na I Liga em 2021/22, número que cimenta a hegemonia iniciada esta temporada.
Corpo do artigo
A subida do Vizela vai permitir à AF Braga um marco histórico e que na I Liga não se verificava há 24 anos, ou seja, desde 1997/98. Na próxima temporada, serão seis os clubes desta associação a disputar o principal escalão do futebol nacional.
13762680
Aos vizelenses juntam-se Braga, V. Guimarães, Moreirense, Famalicão e Gil Vicente. E para encontrar uma marca semelhante é preciso recuar ao século passado, quando a AF Porto estava representada por FC Porto, Boavista, Rio Ave, Salgueiros, Leça e Varzim. Esta é, no fundo, a marca mais visível de um crescimento iniciado em 2000.
O futebol português foi dominado, durante quase 30 anos, pela AF Lisboa, que entre 1934 e 1963 colocou sempre mais clubes na I Divisão. Em 1963/64, essa hegemonia quebrou-se pela primeira vez: a AF Setúbal tinha Seixal, Barreirense, CUF e V. Setúbal e só em 1965/66 é que surge a AF Porto no topo, embora nessa época representada por três emblemas, tantos quanto lisboetas e setubalenses. A extinção ou despromoção dos principais clubes de Setúbal, aliada a uma perda de força de outros históricos lisboetas como Oriental ou Atlético, fez da década de 80 o definitivo ponto de viragem e a maioria começou a ser sempre da AF Porto, esporadicamente ameaçada pela AF Lisboa.
Há 24 anos que o campeonato não tinha tantas equipas do mesmo distrito. Subida do Vizela ajudou ao domínio, também alimentado com títulos - essencialmente do Braga - e bons desempenhos
Aos históricos FC Porto e Boavista começaram a juntar-se Tirsense, Paços de Ferreira, Rio Ave, Leça, Varzim, Leixões ou Salgueiros. Mas a queda de Tirsense, Leça, Varzim, Salgueiros e, já em meados de 2000, Leixões, o crescimento do Gil Vicente e o aparecimento do Moreirense fez a AF Braga alcançar um recorde quando, em 2004/05, teve quatro clubes, tantos como Porto e Lisboa. Entretanto, o caso Mateus atirou o Gil Vicente para a II Liga e, posteriormente, para o Campeonato de Portugal, mas o galo voltou na época passada e veio acompanhado do Famalicão. Ou seja, em 2019/20, Braga conseguiu pela primeira vez estar representado por cinco clubes, porém ainda em igualdade com a AF Porto. A descida do Aves deixou os portuenses reduzidos a quatro equipas e os minhotos, com os mesmos cinco, já detinham a hegemonia na temporada que está a terminar. Maioria essa vincada em 2021/22.
Muitos troféus e um campeonato a norte
Mas nem só de representatividade vive a AF Braga. Com o crescimento dos clubes veio, também, um aumento significativo de troféus, embora essencialmente à boleia do Braga. Antes dos anos 2000, os arsenalistas tinham vencido uma Taça de Portugal, em 1965/66, e o Vitória uma Supertaça, em 1988. Depois disso, o Braga ganhou mais duas provas-rainha, duas Taças da Liga e uma Taça Intertoto. Ficou em quarto por 11 vezes, foi terceiro em duas ocasiões e terminou na vice-liderança em 2009/10. Qualificou-se 18 vezes para a Liga Europa - perdeu para o FC Porto a final de 2010/11 - e duas para a fase de grupos da Liga dos Campeões. O V. Guimarães venceu uma Taça de Portugal, conseguiu dois quartos lugares e um terceiro, foi à terceira pré-eliminatória da Champions e qualificou-se sete vezes para a Liga Europa, enquanto o Moreirense ganhou uma Taça da Liga. E há, ainda, o Famalicão, que na época passada bateu todos os recordes do clube na Liga NOS.
Se num universo de 18 emblemas, seis são da mesma associação, significa que um terço do campeonato se joga no distrito de Braga. Juntando aos clubes da AF Porto (três de momento e poderão ser quatro se o Rio Ave se mantiver), metade da Liga disputa-se num raio máximo de 100 quilómetros.