Declarações de Frederico Varandas presidente do Sporting, no Portugal Football Summit, esta quinta-feira
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Há quarenta anos que um presidente do Sporting não cumpre um segundo mandato, vai candidatar-se a um terceiro mandato? "Há quarenta anos que não aconteciam muitas coisas no Sporting que acontecem hoje, a mais importantes de todas, a estabilidade. Há cerca de um ano, apresentámos um plano estratégico a dez anos para o Sporting, que, no nosso entender, é o plano que o Sporting deve percorrer, com ou sem Frederico Varandas."
Fez várias obras no clube, nomeadamente no estádio, entra definitivamente na história do Sporting? "O que entra na história do Sporting são os títulos e as obras feitas. Em 2018, aceitei o desafio puramente como tantas outras missões que tive de aceitar como militar. É uma missão na qual o meu pacto é com o clube. A missão era devolver o Sporting ao seu lugar devido, que é este. Este é o lugar do Sporting. Não misturo isso com ficar na história. Tenho uma visão muito cética em relação a isso. A melhor era do Sporting foi a dos cinco violinos, se calhar só 10% dos sportinguistas sabem o nome do presidente do Sporting nessa altura, Ribeiro Serrano. Podemos ganhar os títulos, e Frederico Varandas será apenas um nome, o que ficará é o Sporting."
Está a fazer obra no clube? "Estamos a fazer títulos, mas é pouco relevante o nome de quem fica. Não há nada que o tempo não leve, o que fica é o clube. Quem é o presidente, o seu nome, não interessa."
Os prazos das obras no estádio vão ser cumpridos? "Temos em curso uma grande obra, que, para nós, é um "gamechanger". A primeira fase ainda não está concluída, começou com a revolução das cadeiras, as obras no segundo andar do lado poente e no terceiro andar do lado nascente já estão feitas, assim como, finalmente, o desejado encerramento do fosso. Falta ainda dentro do estádio, e vai decorrer este ano, acabarmos as obras do lado corporate e dos lion seats de metade do estádio, estas obras serão feitas no verão de 2026. Vamos ter ecrãs de vídeo e sistemas de som e luzes que não existem em Portugal. Depois, vamos arrancar com a última fase, até à época 2028/29, quando ficará terminado o Alvaláxia."
Quando estará concluído o jogo de luzes? "Esperamos ter concluído até ao final da época. Depois, vamos ter uma obra muito pesada que vai ser diferenciadora, a recuperação do Alvaláxia, um espaço comercial amplo concebido na construção do estádio que, infelizmente, por dificuldades financeiras, foi vendido. É um edifício grande, vai permitir ter o maior e mais moderno museu desportivo em Portugal, vai ter zonas de "sportsbars", uma Megastore verde, da dimensão que precisamos. Será uma obra diferenciadora, a experiência de ir ao futebol será completamente diferente, teremos a melhor oferta de experiência em Portugal. Até ao momento, já investimos cerca de 50 milhões de euros, até 2028/29 serão investidos mais 150 milhões de euros. Haverá um antes e um depois para o Sporting."
O administrador André Bernardo comparou Alvalade à Cidade de Bilbau, com a construção do museu Guggenheim, que revolucionou a cidade, concorda com esta comparação? "O nosso administrador vai apresentar, brevemente, o plano para o Alvaláxia, chamado Cidade Desportiva do Sporting. Temos uma vantagem competitiva muito grande em relação ao nosso grande rival, o nosso estádio está no eixo central de Lisboa. Lisboa é uma cidade em explosão, da moda, com ótima qualidade de vida. A localização do nosso estádio é decisiva, o metro quadrado está a disparar. Vai haver um antes e um depois, será uma grande mais-valia para a cidade de Lisboa."
Como encara o processo da centralização dos direitos televisivos? "Analisamos o que se passa em Portugal e no resto da Europa. As ligas domésticas estão a sofrer, aconteceu em vários países. Não vai ser um processo nada fácil, para quem esteja na Liga, a conjuntura europeia assim o diz. Está a haver uma grande valorização, mas das competições europeias e mundiais. O Sporting tem de encarar este processo com grande responsabilidade, estar na discussão, na Liga Centralização, e apoiar a Liga de forma construtiva neste processo."
Quando tomou a decisão de modernizar o estádio? "Conheço bem o Sporting, entrei em 2011, como diretor clínico. Antes de ser diretor clínico, já não gostava do estádio. Nunca sonhei ser presidente do Sporting, nunca tive essa ambição, nunca me passou pela cabeça fazer obras onde quer que seja, sem ser nos gabinetes médicos. A partir do momento em que assumi a direção do Sporting, tivemos de definir várias prioridades. O Sporting estava em nível de sobrevivência, quando este nível foi ultrapassado, passámos a ter o objetivo de sermos competitivos desportivamente. Conseguimos ser o número 1 desportivamente, agora chegou a hora de olhar para o futuro, para as infraestruturas, a valorização dos nossos espaços e dos nossos sócios. Foi uma etapa normal para a minha equipa, com muita visão do André Bernardo."
A fila VIP do estádio tem sido um sucesso? "Fomos muito criticados, uma coisa habitual no Sporting, quando fizemos o projeto. Disseram que não ia haver procura destes lugares especiais, mas a verdade é que, se tivéssemos disponibilizado o dobro dos lugares, teria sido tudo esgotado, esgotou tudo. O nosso cuidado é o de não tornar o estádio num recinto apenas para um segmento. É um estádio democrático, temos lugares acessíveis, mais ou menos, mais caros, e para empresas. O meu objetivo é sempre o de melhorar a experiência do sócio do Sporting, mas, antes disso, temos de garantir a sustentabilidade e a sobrevivência do clube, o meu pacto é com o clube."