Declarações de Frederico Varandas presidente do Sporting, no Portugal Football Summit, esta quinta-feira
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As modalidades são apostas ganhas? "As modalidades, quando nós chegámos ao Sporting, não tinham a sustentabilidade necessária para não vir a comprometer o clube. Houve um trabalho estrutural desafiante, da direção, com o Miguel Afonso, vogal executivo. Reduzimos custos, não há volta a dar, mas tornámo-nos mais eficientes, era possível. Dou o exemplo do futsal, já era ganhador, e tornou-se ainda mais ganhador. Nos últimos cinco anos, ganhámos quatro títulos. O FC Porto controlava o andebol, preparámos, há quatro anos, a melhor equipa da história do andebol português. No hóquei em patins, apanhámos uma equipa ganhadora, mas excessivamente cara. Acabámos por fazer uma renovação da equipa, um projeto para ganhar no futuro. Estas modalidades têm de viver como vive o futebol, não posso exigir miúdos da formação no futebol e, nas modalidades, não ser da mesma maneira. Temos honrado o passado do clube, com dois títulos europeus no futsal, duas Champions e um título mundial no hóquei. No voleibol, finalmente fomos campeões, temos um projeto novo. O hóquei vai lutar outra vez, mas com custos controlados, e com o selo Sporting, que é o selo da formação."
Os adeptos do Sporting podem esperar que a equipa B lidere o campeonato da II Liga? "Os nossos jogadores devem estar muito orgulhosos. Para o presidente, o objetivo é colocar jogadores na equipa A. A equipa B foi um processo que, hoje, parece adquirido, mas, quando entrámos, não havia equipa B. Trouxemos a equipa B de baixo, sempre com um modelo formativo, e uma média de idade de 18 anos. No ano passado, tivemos de usar sete ou oito jogadores para sermos bicampeões. O sócio do Sporting quer ser campeão em todos os escalões, eu percebo, e também gosto, mas a minha prioridade não é essa, é a de formar jogadores para a equipa A."
A equipa do Sporting mudou muito, com as saídas de Rúben Amorim e Gyokeres, como conseguiu recuperar o equilíbrio? "A saída do nosso treinador Rúben Amorim deixou excelentes recordações, a de Hugo Viana, igualmente. O facto de o Sporting continuar na senda de vitórias demonstra o quanto o clube cresceu enquanto estrutura. Muitas pessoas que estão aqui, com mais anos e experiência do que eu, sabem que não é fácil perder o treinador em novembro, e o diretor desportivo em janeiro, e ser campeão. É preciso ter bagagem, arcaboiço, o Sporting demonstrou que o tem, hoje. Há muitas décadas que, na primeira brisa de vento, tudo ruía. Agora, aguentamos tempestades. Foi uma demonstração de afirmação interna, para as pessoas perceberem a resiliência do Sporting. Perdemos um dos jogadores mais marcantes da história do Sporting [Gyokeres], deixou memórias fabulosas, mas, no dia seguinte, atacámos cirurgicamente o mercado, e já demonstrámos que temos o potencial para continuar a vencer."
Conseguiu entrar no mercado de verão como queria? "Entrei e saí como a equipa mais valiosa da liga. Não sei se o Sporting vai ganhar sempre, mas tenho a certeza que, ou vencemos, ou vamos estar lá até às decisões finais. A verdade é que saiu um grande jogador, mas isso também tem coisas boas. O balneário tem orgulho, eles sabem que não foi só um jogador a ganhar o campeonato, e têm uma ótima oportunidade para o mostrar."
Rui Borges pediu-lhe reforços para janeiro? "Fechámos o verão e fiquei contente. Temos o plantel mais valioso e, na minha opinião, mais competitivo e com mais soluções da I Liga. O nosso treinador está contente, nós estamos contentes, não faz qualquer sentido falar do mercado de janeiro. Já não é a primeira vez que atuamos em janeiro a precaver algo que se possa passar no futuro, pode acontecer, mas não o vou dizer aqui."
Acredita que o Sporting vai conquistar o título? "Há um ano, disse que acreditava muito que ia ser bicampeão. Estamos na oitava jornada, e ocupamos apenas o segundo lugar da liga, exclusivamente por culpa nossa. Os nossos jogadores sabem, o nosso treinador sabe. Eles também sabem, e, sem dúvida alguma, acreditam que são o melhor grupo da liga. Eles sabem que têm de o demonstrar em campo. Eu acredito muito nos nossos jogadores, no nosso treinador, por isso estaria a mentir se não dissesse que acredito muito que vamos ser tricampeões."
Continua a estar presente no dia a dia da equipa? "Nos jogos, só vou ver. Em dia de jogo, não falo, apenas pontualmente, se for um dia decisivo. A seguir aos jogos, nunca falo, quer o Sporting vença ou perca por 5-0, nunca falei. O dia de jogo é um dia de emoções, não é um bom dia para falar. Durante os outros dias, estamos muito próximos."
Onde ficou a medicina, neste processo? "Sou médico e militar o resto da vida. Não pratico desde 2018. Exerci medicina desportiva com especialização em alto rendimento, o que é um ótimo "background" para um presidente, nomeadamente na gestão da performance, das cargas, da formação das equipas, É uma boa valia a ter."
Qual é o enquadramento da família? "Sempre presentes. É um cargo muito absorvente, há sempre coisas para resolver, pedidos, mas, para o Sporting estar bem, o presidente tem de estar bem, e, para o presidente estar bem, a família tem de estar bem. Não deixo de ser marido, pai. Ainda visto os meus filhos, dou-lhes o pequeno almoço, deixo-os na escola, acompanho-os nas suas atividades desportivas, e sou presidente. Há coisas às quais digo que não, que sei que ficam por fazer. Mas, se quero continuar a ser presidente do Sporting, não vou abdicar disto."