"Expresso a Marega a admiração pela forma digna com que despertou as nossas consciências"
A líder parlamentar do PS pediu , durante o debate quinzenal, uma condenação unânime do parlamento, "sem ambiguidades", em relação aos insultos racistas de que foi vítima Marega, avançado do FC Porto, em Guimarães.
Corpo do artigo
"É hora de dizer basta a este tipo de comportamento intolerável, seja num estádio de futebol, numa escola ou em qualquer lugar. Perante este triste episódio, todos somos convocados para um combate sem tréguas ao racismo, sem o qual não é possível viver numa sociedade decente", declarou Ana Catarina Mendes.
Depois, sem fazer qualquer alusão direta ao deputado do Chega, André Ventura, a líder da bancada socialista deixou o seguinte repto: "Na condenação do racismo não pode haver ambiguidades na casa da democracia, aconteça o que acontecer ou com quem acontecer".
Na abertura da sua intervenção, Ana Catarina Mendes expressou o "total repúdio" do Grupo Parlamentar do PS pelo "ataque racista de que Marega foi alvo este fim de semana".
"Quero expressar-lhe toda a nossa solidariedade e admiração pela forma digna com que despertou as nossas consciências e deixar claro que não somos hipócritas", acentuou a presidente do Grupo Parlamentar do PS.
Para Ana Catarina Mendes, os insultos que foram praticados contra o futebolista maliano, durante o jogo entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto. "indignaram um país onde, paradoxalmente, abundam aqueles que negam a existências de racismo".
Sobre o mesmo assunto, o primeiro-ministro manifestou-se contra novas mudanças na lei - dizendo que o que falta é cumprir as que já existem - e atacou duramente os dirigentes desportivos pelos "discursos de ódio" que alimentam. Aconselhou mesmo os dirigentes do futebol a seguirem o tom que cada vez mais tem vindo a ser adotado, para arrefecer as rivalidades clubísticas, pelos treinadores de futebol.
Para a história do debate ficou também um pensamento de Jerónimo de Sousa que muitos ativistas anti racistas contestam: "Portugal não é um país racista mas há quem promova o racismo."
À direita do PS, com a exceção dos deputados do PSD Cristóvão Norte e Duarte Marques, ninguém aplaudiu as intervenções anti racistas que se fizeram ouvir por parte das bancadas do PS, BE, PCP, PEV e PAN. André Ventura, do Chega, que nas redes sociais, bramou contra a "hipocrisia" do clamor anti racista que o caso suscitou, também não tocou no assunto.