Eustáquio alarga o mapa portista: "Adeptos canadianos ficaram muito empolgados"

Foi em 2019, quando vivia um dos momentos mais delicados da carreira, devido a uma lesão (rotura de ligamentos) que lhe roubou o sonho mexicano, que Stephen Eustáquio decidiu comprometer-se a cem por cento com o Canadá, podendo agora tornar-se no primeiro jogador do país a jogar oficialmente pelo FC Porto.

O médio, nascido em Leamington, cidade situada nas margens de um dos grandes lagos (Erie) que separam a província de Ontário dos Estados Unidos, é uma das figuras da seleção de uma nação que tem no hóquei no gelo o principal desporto, mas que recebeu com entusiasmo a notícia do salto do Paços de Ferreira para o Dragão.

"Há uma grande comunidade portuguesa no Canadá e os rumores da mudança do Eustáquio para o FC Porto começaram a circular nas redes sociais uns dias antes de a transferência ser oficializada. Depois, quando o FC Porto anunciou no Twitter, os adeptos canadianos de futebol ficaram muito empolgados", conta a O JOGO Derek van Diest, colunista de futebol de um dos maiores conglomerados de média do país, o Postmedia.

"O FC Porto é um clube muito famoso e ter outro canadiano a juntar-se a um clube mundialmente famoso foi entusiasmante. A transferência vai ajudá-lo e fazer da seleção melhor, o que é muito bom para os adeptos", garante o jornalista, esperançado em ver Stephen "na televisão a jogar nas grandes competições da Europa".

Por ser "um jogador que tem contribuído muito para a atual seleção do Canada ser uma das melhores de sempre", Derek van Diest está convencido de que Eustáquio "levará muitos adeptos a tentar ver os jogos do FC Porto para perceber como está". "É a mesma razão pela qual há mais canadianos a ver o Bayern Munique [Alphonso Davies], o Lille [Jonathan David] e o Besiktas [Cyle Larin e Atiba Hutchinson]", sustenta. Van Diest aponta mesmo o agora portista como um dos responsáveis pela mudança de mentalidade de alguns jogadores que nunca quiserem representar os "canucks".

"Havia um tempo em que era difícil conseguir que um jogador com dupla nacionalidade jogasse pelo Canadá, mas, agora, jogadores como o Eustáquio estão a preferir a seleção e isso torna-a melhor e mais forte", nota o jornalista.

Eustáquio, de resto, chegou a realizar sete jogos pelos Sub-21 de Portugal, mas agora está no limiar de alcançar um feito histórico. "O Eustáquio faz parte de uma geração de ouro do futebol canadiano. Ele, juntamente com outros jovens jogadores, vão levar o Canadá ao Mundial pela primeira vez desde 1986", antecipa, embora os canadianos ainda precisem de mais dois pontos, que até poderão chegar em março. Até lá, os conterrâneos esperam vê-lo estrear-se pelo FC Porto.

Dragão já teve atletas de 52 países

A história do FC Porto está recheada de atletas dos mais variados pontos do planeta. Os portistas já utilizaram jogadores de 52 países em jogos oficiais, sendo o Brasil, com quem o futebol português tem uma forte ligação, o principal fornecedor. Argentina e Espanha foram as outras duas nações que contribuíram com mais de uma dezena de elementos para os dragões, que há uma época e meia já haviam alargado um pouco mais o mapa, com a contratação de Taremi (Irão). Trindade e Tobago, Panamá e Chade são exemplos de países sem grande expressão futebolística que viram jogadores alinhar pelo clube.