Encontrar um substituto à altura do extremo colombiano nunca seria tarefa fácil, mas Pedro Bouças vê em Pepê um jogador de características semelhantes. Galeno, por sua vez, possui "outras valências".
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O regresso de Galeno ao FC Porto em cima do fecho do mercado de inverno serviu para colmatar a saída de Luis Díaz para o Liverpool, mas isso não significa que o extremo tenha entrada direta no onze.
Se o colombiano era indiscutível, por força da grande época que vinha a fazer, agora há dois candidatos naturais à vaga deixada por "Lucho" no flanco esquerdo: o ex-Braga e Pepê, que, antes da chegada do reforço, funcionou como alternativa direta ao agora jogador dos Reds.
O que, aliado ao facto de estar no Olival desde o verão, deixa o camisola 11 em vantagem na corrida pela titularidade, defende, a O JOGO, o treinador Pedro Bouças. "Pelo tempo de trabalho que já acumulou com o Sérgio, parece-me que o Pepê parte à frente de Galeno", explica o antigo adjunto de Jesualdo Ferreira no Santos. Aliás, foi aí, no Brasil, que conheceu o ex-Grémio como um dos craques canarinhos. "Está mais ambientado às ideias do treinador", acrescenta.
Numa análise comparativa dos dois extremos portistas, Pedro Bouças considera que Pepê é aquele que, em termos de recursos técnicos, se assemelha mais ao craque colombiano, outra razão que pode encorajar Conceição a dar-lhe prioridade. "É um jogador tecnicamente mais parecido com o Díaz. Consegue resolver lances em espaços mais reduzidos e parece-me, também, que define melhor do que o Galeno", considera o técnico e comentador do Canal 11 ao nosso jornal, frisando, porém, que Galeno trará outro tipo de valências ao jogo do FC Porto.
"A vantagem é ter-se tornado mais competitivo nestes dois anos e meio no Braga. E nós sabemos como o Sérgio [Conceição] aprecia esse fator. Acredito que alguma falta de competitividade e agressividade na primeira passagem pelo clube possam ter pesado na decisão do Sérgio em abdicar dele. Embora ache que, globalmente, o Pepê tenha mais valências, acredito que o Galeno será uma opção a ter muito em conta. Até porque, por exemplo, vejo-o como um extremo mais potente em situações de transição ofensiva. É um jogador talhado para o contra-ataque", prossegue, ressalvando que "o facto de estar a dar mais ênfase às qualidades do Pepê não quer dizer que o Galeno não acabe por ser a preferência" do treinador dos dragões. E a nível de compromisso defensivo, outra vertente tão valorizada por Conceição? Aí, Pedro Bouças coloca os dois alas no mesmo patamar. "Diria que estão ao mesmo nível. No Braga, num esquema de três centrais, o Galeno ocupou, muitas vezes, o espaço lateral, mas não o vejo como um jogador muito conhecedor do processo defensivo. Assim como o Pepê, que ainda tem de aprimorar esse aspeto", refere.
A par da porta que se abriu para o onze com a perda de Luis Díaz, haverá sempre uma herança pesada e, embora ache que não seja tarefa simples encontrar um jogador com o mesmo potencial do internacional cafetero [ver caixa], Pedro Bouças identifica capacidades em Pepê para que este se afirme como digno sucessor de "Lucho". Até porque, conta, o que o atacante mostrou no Grémio, antes de rumar ao Dragão, dá margem para esperar altos voos da sua parte. "O que fez contra o Benfica, no clássico do campeonato, e neste último jogo com o Marítimo mostra que já subiu o nível, mas ainda não produz o que produzia no Brasil. O Pepê é um jogador com grande velocidade de execução e sempre foi um finalizador. Percebe-se que está mais adaptado à velocidade do futebol europeu e que consegue jogar em processo de adaptação", vinca o treinador, confiante na capacidade mental de Pepê. "Acredito que está preparado para assumir a responsabilidade, porque as pessoas podem não saber, mas no Grémio, como no FC Porto, a exigência também é enorme. E o Sérgio Conceição já mostrou que sabe moldar jogadores. O Díaz é um exemplo perfeito disso. Quando chegou, também não era indiscutível", remata.