Danilo fez na Seleção o que poucos conseguem em Portugal: marcar de meia distância. O nosso campeonato é dos que têm menos bombardeiros.
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O que Danilo fez no Estádio da Luz, frente à Sérvia, é quase uma raridade no futebol português. O próprio já tinha assinado um golaço do meio da rua, num jogo do FC Porto com o Chaves (2016/17), mas os números são cruéis para o nosso campeonato: há uma clara falta de "bombardeiros".
Por cá, Bruno Fernandes é o que mais marca de fora da área. Faltam especialistas e os números da Liga são a prova disso mesmo: só na Rússia é que se marca menos de longe da área
Entre as dez principais ligas europeias, apenas na Rússia são marcados, em média, menos golos de fora da área. Sem surpresa, é em Inglaterra que os adeptos mais vezes festejam com mísseis atirados de longe, como, por exemplo, o que Rúben Neves marcou ao Liverpool no início deste ano (ainda que num encontro da Taça de Inglaterra e não do campeonato).
De acordo com os dados estatísticos do Wyscout, até ao momento foram marcados 5,8 golos, em média, por cada uma das 20 equipas que disputam a Premier League [ver infografia], com Manchester City e Arsenal a destacarem-se da concorrência com 12 golos cada um. Por cá, Sporting, Moreirense e Chaves são os que mais aproveitam a meia distância e, ainda assim, apenas com metade da produção dos dois emblemas ingleses. No caso dos leões, há um especialista: Bruno Fernandes, com cinco golos de longe (dois de livre), é, claramente, o jogador que em Portugal se destaca neste tipo de lances. Aliás, basta dizer que o médio leonino tem, sozinho, mais poder de fogo do que toda a equipa do FC Porto, que ainda só conseguiu concretizar por quatro vezes de fora da área em todo o campeonato. Definitivamente, Portugal não é um país para "snipers".
No Dragão não mora um especialista de meia distância há vários anos. Hulk terá sido o último jogador que fez a diferença nesse tipo de finalização. Jogadores como Doriva, Branco, Geraldão, por exemplo, são memórias longínquas no imaginário dos portistas...
Os atuais médios são mais de surgir na área a rematar do que a tentar de longe. Herrera, por exemplo, já leva quatro golos no campeonato e nenhum é de fora da área. Sérgio Oliveira, antes de ser cedido ao PAOK, marcou um livre direto e Óliver fez um golaço ao Tondela.