Fizemos as contas e chegámos a um conclusão: FC Porto reina na Taça de África das Nações
FC Porto deve ser o clube europeu com mais jogadores na competição do verão.
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O FC Porto será o clube europeu que mais jogadores vai fornecer à Taça de África das Nações.
Com os jogadores do plantel e aqueles que estão, nesta fase, emprestados, são oito os dragões que podem marcar presença na primeira CAN que se disputa no verão. Marega (Mali), Mbemba (RD Congo), Loum (Senegal), Brahimi (Argélia) e Aboubakar (Camarões) são os efetivos do plantel que contam com a chamada dos respetivos selecionadores.
Mas há ainda Mikel e Chidozie (Nigéria) e Waris (Gana) na lista para engrossar a fila. Na perspetiva da SAD, o caso destes até pode ser mais interessante, nomeadamente o de Chidozie e Waris, que não fazem parte dos planos da próxima pré-época e são esperança de um encaixe de alguns milhões. A CAN tem, pela primeira vez, esse efeito: o de montra de verão.
A atração dos dragões pelo mercado africano já vem desde a época passada. E o acumular de contratações fará agora do FC Porto a equipa europeia mais falada no Egito entre junho e julho. Só em França há clubes que se podem aproximar do número de convocados portistas. Isto, claro, no plano teórico e... atual. Para efeitos de pesquisa, consideramos apenas africanos com pelo menos uma internacionalização nos últimos dois anos. No caso dos portistas nem era preciso tanto. Todos jogaram pelas respetivas seleções nesta temporada... Se alargarmos a pesquisa aos principais 10 campeonatos, também o Fenerbahçe terá uma ampla representação. A infografia em baixo diz o resto.
Para perceber em que contexto cada um dos efetivos do atual plantel vai chegar à grande prova africana, O JOGO procurou saber mais sobre cada um junto de especialistas no futebol dos respetivos países. Aboubakar, por exemplo, conta os dias para voltar a competir no FC Porto e está a gerar enorme expectativa nos Camarões. "Jogando, vai perceber-se em que condições está, mas estando bem, sem dúvida que será chamado. Precisa de um jogo. Seguem a par e passo a evolução dele e quando O JOGO noticiou que estava para começar a jogar em abril, nem imaginam a repercussão que isso teve e a euforia que se criou", explicou Meyong, antigo internacional camaronês, agora adjunto de Sandro, no V. Setúbal.
Marega está em condições de ultrapassar os 23 golos da época passada no Dragão. Mas no Mali não é a mesma coisa... "Ninguém sabe bem as razões e as pessoas têm dúvidas. Não sei se é o calor, o sistema de jogo ou os relvados irregulares", atira Mamadou Traoré, maliano do Marítimo. A titularidade é, porém, segura. "Jogar no FC Porto, marcar tantos golos e ter experiência de Champions faz com que o Mali não se possa dar ao luxo de prescindir dele. Acredito que fará dupla com o Diaby (Sporting)", lembrou.
Na Argélia, o selecionador, Djamel Belmadi, prescindiu de Brahimi, porque o apuramento estava garantido e era hora de observar outros jogadores. "Dá tudo na seleção, defende até mais do que no FC Porto, sente um orgulho diferente por vestir a camisola da Argélia. A questão com ele terá mais a ver com o sistema da seleção, que é diferente, as condições do relvado, o clima, etc... Não podemos esquecer que ele joga na seleção, mas nunca jogou num clube argelino, nem na formação. Sendo ele um tecnicista e um jogador que disputa muitos duelos, à base de fintas e mudanças de velocidade, acaba por ter uma produtividade diferente", contou Boukassi Mehdi, jogador da Oliveirense, que se junta a Brahimi à sexta-feira para rezar na mesquita. "Na Argélia, os adeptos chegam ao estádio 10 ou 11 horas antes dos jogos, ficam à espera que as portas abram, porque quem chega primeiro senta-se onde quer para estar mais próximo dos seus ídolos. Brahimi é um dos que levam essas pessoas a chegar tão cedo. E o FC Porto fez dele um jogador maduro. É o capitão da seleção, mas nem precisava de andar com braçadeira", completou.
Contexto mais difícil para Mbemba e Loum
A seleção da RD Congo carimbou o passaporte para o Egito na última jornada do Grupo G, ao derrotar a Libéria (1-0). Mbemba foi titular, apesar de no FC Porto só somar 125 minutos na equipa principal. "Em condições normais, já teria deixado de ser convocado, mas Jean-Florent Ibengé não prescinde dele, até porque antes ele já tinha perdido o lugar no Newcastle e manteve-o na seleção", comentou M"Bala jogador do Merelinense, internacional pela RD Congo. "É um dos três jogadores mais experientes da seleção e isso tem ajudado a conter a concorrência, que é cada vez mais forte", acrescentou. "Mbemba tem tido a confiança do selecionador, é capitão, mas a braçadeira pode ir parar a outro braço, porque há mais jogadores importantes e é um problema para ele não ter ritmo competitivo", rematou.
Loum é o que menos espaço tem. Aliás, só se estreou pelo Senegal no último jogo, porque a transferência para o FC Porto lhe deu fama. "É verdade que começou algo tímido em Portugal, mas até olhando ao sistema do Senegal, o selecionador Aliou Cissé sabe que Loum pode trazer algo mais à equipa, daí o ter chamado", explicou Joseph Koto, selecionador sub-20 do Senegal, explicando, ainda assim, que Loum tem de jogar mais.
Brahimi esforçou-se, mas CAN adiada não ajudou o FC Porto
O FC Porto poderia ter sido privado de três jogadores, este ano, se as datas da CAN continuassem a ser os meses de janeiro e fevereiro. Loum ainda não estava no Dragão, Aboubakar estava lesionado, mas Mbemba, Brahimi e Marega teriam estado fora. A verdade é que mesmo com eles não cumpriu um percurso imaculado: cedeu três empates na Liga (Sporting, V. Guimarães e Moreirense) e perdeu a final da Taça da Liga. De resto, só Brahimi (em 2015 e 2017 esteve fora) foi decisivo no triunfo 3-1 com o Nacional (fez dois golos) e, juntamente com Marega, resolveu a meia-final da Taça da Liga, com o Benfica. Isto num total de 9 a 10 jogos.