Miguel Ribeiro: "Estamos com muitas dificuldades em tirar coelhos da cartola"

Miguel Ribeiro, presidente do Famalicão
Miguel Pereira/Global Imagens
Declarações de Miguel Ribeiro, presidente do Famalicão, à margem do treino aberto da equipa famalicense à comunicação social e aos adeptos.
Esta é a época em que há mais continuidade no plantel: "Resulta de uma consequência do processo do Famalicão, que foi construído de base zero. Ora, as coisas demoram o seu tempo. Num primeiro ano, de II Liga, não conta para estas contas, e nos três anos que tivemos de I Liga dois deles foram passados em [pandemia de] covid-19. Ora, naturalmente, isto como consequência traz que o nosso plantel nunca consegue ter a estabilidade que pretendemos. Neste ano, com mercado normal, final de época normal, início de época e pré-temporada normais, acreditamos que nos deu mais estabilidade, não só para a manutenção dos jogadores. Também nestes três anos de trabalho fomos acumulando jogadores com contrato, e isto faz parte de um processo de crescimento de um clube que é um clube recente, apesar de ter tido o sucesso que, hoje, é unanimemente reconhecido, quer dentro e fora de portas. Tudo isto faz parte de um crescimento.
Treinador terá reforços? "Sim, terá reforços, como penso que todos os planteis em Portugal ainda estão a ser ajustados. Reparem que estamos num país que vive esta dificuldade financeira: o Famalicão, esta época, já fez uma venda que foi superior aos nossos direitos televisivos. Quando estamos num país que, por princípio, vive esta falência de base, em que a transferência de um jogador consegue ser superior aos direitos televisivos, vamos para um patamar em que os planteis estão sempre em aberto quer para as saídas quer para as entradas, porque as entradas, muitas vezes, estão muito dependentes das saídas."
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Atentos aos escalões inferiores nacionais: "Existe um olhar atento sobre a marca Famalicão. Hoje, temos um guarda-redes com contrato até 2027, com 21 anos e com mais de 60 jogos na I Liga; um central com contrato até 2026, o Alexandre Penetra, e por aí fora. Temos jovens como o Gustavo Sá, como o Lobato, que vão fazer parte do nosso plantel, mas também podemos olhar para a Liga 3: temos hoje aqui o Theo Fonseca junto do nosso plantel. No fundo, todas estes ingredientes levam-nos a acreditar muito no presente e no futuro do Famalicão. Seguramente, a muito breve [prazo], dois, três anos, o Famalicão terá a sua equipa "made in" e já não estaremos tão ativos no mercado, porque já olhamos para dentro e a nossa equipa de sub-23 e até umas teoricamente segundas linhas da equipa A serão a primeira linha da época seguinte da primeira equipa. Infelizmente, se me pergunta se, hoje, já estamos nesse patamar, não estamos. É o patamar a que queremos chegar, dentro da nossa visão e filosofia, é o que ambicionamos fazer."
À espera das dispensas dos grandes? "O Famalicão está atento a todo o mercado. Hoje, a prioridade é reforçar a equipa com jogadores nossos, é olhar para o presente e para o futuro. Temos capacidade para reforçar a equipa e isso dá-nos alguma tranquilidade, do ponto de vista financeiro. Não nos dá tanta tranquilidade do ponto de vista desportivo porque, naturalmente, estamos um bocadinho dependentes das oportunidades e do que é possível dentro do contexto do futebol português. Como compreendem, olhando para os jornais, mesmo os reforços de todas as equipas do campeonato português, estamos com muitas dificuldades em tirar coelhos da cartola, pela dificuldade de que falei há pouco."
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Transferência de Pickel atenua a necessidade de vender outros ativos, a não ser que surja uma proposta irrecusável? "Permite que o Famalicão, ao dia 20, pague impostos e ao dia 30 pague salários. Isso é algo inegociável. Se repararmos, um clube como o Famalicão, de base, tem cinco milhões de euros: três milhões e tal da televisão; e entre bilhetes, patrocínios e por aí fora, que faça mais um milhão, grosso modo temos cinco milhões. Olhando para os orçamentos que temos em cima da mesa, nós e todos, é óbvio que é fácil perceber que é manifestamente curto para fazer face à despesa. Ora, quando fazemos uma venda, em Portugal, isso representa que temos o nosso orçamento cumprido. E o nosso orçamento passa apenas pelas nossas obrigações. Quanto à parte de voltarmos a ter capacidade de investir, uma só transferência não é suficiente em nenhum clube português."
