Prosseguiu esta quinta-feira o julgamento do processo movido pelo Benfica ao FC Porto sobre o caso dos emails, com testemunhas dos dois clubes a serem ouvidos no Palácio da Justiça, no Porto
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"Não faço ideia como os jornalistas de conteúdos do FC Porto tiveram acesso aos emails", afirmou Júlio Magalhães, diretor do Porto Canal, ouvido esta quinta-feira no Palácio da Justiça, no Porto, no âmbito do julgamento do processo movido pelo Benfica ao FC Porto sobre o caso dos emails.
O jornalista esclareceu que desde cedo, perante as revelações feitas no canal que pertence ao FC Porto, ficou definido algo que foi sempre cumprido: "A vida privada não foi exposta e não será. Foi uma premissa que as questões da vida privada não fossem chamadas para acontecimentos de outro foro. Foi a única reserva que coloquei", afirmou antes de referir-se ao caso dos emails propriamente dito
"Enviei um email a Pedro Guerra e Adão Mendes para fazerem o contraditório, mas até hoje nunca o acionaram, embora tenham espaço mediático superior ao Porto Canal para o fazer. Ninguém da SAD intrefer na programação do Porto Canal. O presidente nem está presente nas reuniões. Por vezes reunimos com Adelino Caldeira, mas este tema nunca foi falado", concluiu Júlio Magalhães.
O julgamento prosseguiu com o Benfica a procurar atestar os prejuízos causados pela divulgação dos e-mails, bem como a tentar imputar a responsabilidade desta ação à administração do FC Porto, de quem dependia Francisco J. Marques, e com a defesa portista a justificar a sua difusão com o interesse público e jornalístico dos mesmos.
Júlio Magalhães disse ainda que os picos de audiência atingidos durante a transmissão do Universo Porto da Bancada, programa que classificou como sendo "genericamente de informação com conteúdos específicos do FC Porto", não se traduziam em aumento de receitas, mas sim de 'share' (quota de mercado).
Ouvidas as últimas testemunhas arroladas pelo Benfica, Miguel Moreira (diretor financeiro) e Paulo Alves (gestor da área financeira), o tribunal inquiriu as primeiras do FC Porto, nomeadamente Domingos Andrade (diretor do Jornal de Notícias), Pedro Santos Guerreiro (ex-diretor do Expresso) e Eduardo Dâmaso (diretor da Sábado).
O inquérito às testemunhas arrolados pelo FC Porto incidiu sobre o interesse jornalístico da divulgação dos e-mails, que todos admitiram terem servido para desenvolverem investigação, ao abrigo do cumprimento dos protocolos jornalísticos, como a verificação e veracidade dos factos e contraditório.
O julgamento prossegue na sexta-feira com a inquirição a Diogo Faria (testemunha comum) e José Cruz, Igor Fortes, Pedro Bragança, António Nogueira de Sousa e Luís Alves (apresentadas pela defesa do FC Porto). As alegações finais estão previstas para 10 de abril.