Benfica divulgou nas redes sociais imagens do documentário "O Rival Invisível", no qual retrata as dificuldades que enfrentou com a covid-19 na época 2020/21. Veja o vídeo e as declarações abaixo.
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Jorge Jesus: "Tive falta de ar, de oxigénio, e houve momentos em que me assustei. Tinha alguns momentos de medo porque me faltava a respiração, pelo menos quando acordava à noite. A mim, atacou forte. Perguntava ao doutor: "Quantos caíram hoje?" Fui dos últimos a cair. Houve alguns dias de treino em que tinha pessoas a trabalhar diretamente comigo, porque os outros tiveram problemas, e que nem conhecia. Perguntava: 'quem é este?', 'quem é aquele?'. Tivemos de andar a sofrer calados, sem podermos dizer nada para não sentirem que nos estávamos a desculpar com o que quer que fosse. Mas chegou uma altura em que tive de bater com a porta. Porque nos estávamos a sentir injustiçados com o rendimento da equipa sem termos culpa nenhuma, porque a gente queria, mas não podia. Pensei sempre que queria recuperar o mais rapidamente possível para pelo menos para poder, nem que estivesse ao longe, até coloquei a possibilidade de estar num quarto no Seixal e poder estar lá a ver o treino e a organizar o treino. Mas chegou um momento em que os meus assistentes também ficaram com covid em casa. Vou-me fechar no meu mundo, que é o Benfica, e esperar pelo tempo em que os jogadores voltassem à normalidade, em que eu voltasse à normalidade. Tens de saber confrontar-te com a realidade e pensar que só o tempo te tira desta situação, porque não há mais nada a fazer, até a cura desta doença, é com o tempo, não há mais nada a fazer."
Darwin: "Dava uma volta ao campo a correr e parecia que tinha 60 anos. Há muita gente que está a passar mal, gente que morreu, e eu tinha medo que me acontecesse algo assim, no coração, onde fosse, porque isto é muito forte. Por mais que sejas um desportista jovem, pode atacar forte e pode matar. Nunca sabes o que pode acontecer. Quando cheguei aqui estava a sentir-me muito mal, tinha vontade de vomitar, dores de cabeça, tive febre e tosse. Só queria deitar-me e dormir e as dores de cabeça voltavam. Estava muito agitado porque não aguentava muito as dores de cabeça e estive assim cerca de um mês com dores de cabeça e perdi o olfato também."
Weigl: "Começámos a perguntar aos médicos como poderia afetar o bebé. O meu maior medo é que ela [mulher do jogador estava grávida] ficasse infetada. Quando recebemos o resultado positivo começámos logo a tentar perceber como é que isso afetaria o bebé. Foi forte. Tive de tomar medicação para baixar a febre porque estava a subir, a subir, a subir. E aí senti-me realmente mal. Tive febre, dores de cabeça, senti-me completamente sem forças."
Helton Leite: "Senti que cada perna tinha 100 kg. Não conseguia mexer-me como deve ser. Às vezes caminhava, subia e descia as escadas e ficava tonto. Sentava-me um bocado à espera que passasse"
Seferovic: "Suava muito, não comia. Perdi também 4 ou 5 kg. Os primeiros quatro dias foram difíceis. Tinha sempre dor de cabeça, não me sentia bem e quando dormia ficava todo suado. Depois no terceiro dia, também tinha dor de cabeça. Nada estava a ajudar"
Gonçalo Ramos: "Nem estava a acreditar. O que me preocupou foi a minha família, se podiam ou não estar infetados e que sintomas poderiam ter"
Luisão: "O mundo que vivemos aqui dentro foi terrível..."