Do sofrimento ao auge em Vila do Conde: "Há dois anos tinha dores em todo o lado"
ENTREVISTA, PARTE I - O guarda-redes do Rio Ave, 36 anos, é o terceiro menos batido do campeonato e sente que está cada vez melhor com a experiência acumulada, acreditando que pode jogar mais algumas épocas a este nível.
Corpo do artigo
Titular indiscutível na baliza vila-condense, o polaco Pawel Kieszek tem sido um dos destaques da equipa neste regresso a Portugal e não quer parar por aqui.
Qual o balanço que faz da época até ao momento?
-O balanço apenas poderá ser feito no final, mas a época tem sido fantástica. Batemos alguns recordes, defendemos muito bem, jogamos bem, fazemos muitos golos e toda a gente diz que o Rio Ave joga um futebol muito positivo. Temos uma equipa muito organizada, um treinador que passa a mensagem de forma muito simples e jogadores com muita qualidade dentro de um plantel com soluções boas.
Mas na baliza joga sempre o mesmo...
-Na baliza, no campeonato, joga sempre o mesmo, mas tivemos jogos nas taças e o Paulo Vítor esteve muito bem. Temos duas a três soluções de qualidade para cada posição.
Esta é a sua melhor época de sempre?
-Quando analisamos as estatísticas, penso que sim. Tive a sorte de apanhar treinadores com ideias diferentes e vou ganhando mais confiança. Quando tinha 20 anos e via guarda-redes com 32 ou 33, pensava que estavam velhotes e que iram acabar rapidamente e que, por isso, eu iria jogar. Agora, estando no outro lado, com 36 anos, estou cada vez mais tranquilo em campo.
1215778
É importante ser o terceiro guarda-redes com menos golos sofridos?
-É importante, mas ninguém joga sozinho. No Rio Ave todos trabalham e temos defesas na linha de ataque, bastando ver o número de quilómetros que os jogadores correm a cada jogo. Defendemos muito bem e não é apenas com o guarda-redes e os defesas. Dou o exemplo do Nuno Santos, que no início defendia pouco e agora até faz carrinhos à procura da bola. Somos uma equipa solidária e temos jogadores muito bons na defesa, mas jogamos sempre à procura da baliza adversária.
Nas dez jornadas que restam, o objetivo passa por segurar o atual quinto lugar?
-Vamos pensar num jogo de cada vez. Primeiro iremos pensar no P. Ferreira como se fosse a final do Mundial. Temos que ganhar esse jogo e depois veremos, mas é evidente que seria muito bom para o Rio Ave manter o quinto lugar.
Assinou por dois anos pelo Rio Ave. Como tem sido este regresso a Portugal?
-Tinhas ofertas de outros lados, mas voltei porque gostei muito de morar aqui e porque sabia que o Rio Ave é um clube acima da média. Moro com a minha mulher, temos cá muitos amigos e já conhecia bem esta zona. Temos muito sol, enquanto na Polónia é estranho quando acordas e não tens isso.
Até quando pensa jogar?
-Há dois anos já pensava em terminar porque sentia que estava cansado e queixava-me de dores em todos os lados, mas, neste momento, estou ainda melhor fisicamente. O César, que é o treinador de guarda-redes do Rio Ave, é um chato de forma positiva e trabalhamos muito . Enquanto a saúde o permitir, quero continuar
E depois do final da carreira?
-Ainda não pensei muito, mas talvez possa ser treinador de crianças. Não quero ser treinador de adultos, porque não quero ter novamente os fins-de-semana ocupados e estágios, preferindo ter mais tempo para a família e desfrutar a vida. Toda a gente pensa que a vida de um jogador é fácil, mas a verdade é que perdemos muito enquanto somos profissionais. Tenho família na Polónia, mas também poderei viver em Espanha ou em Portugal.