Diaby é o terceiro médio mais utilizado na Liga. Chegou a Portugal para prestar provas no Salgueiros, andou pelo CdP e pela AF Porto e agora está a vingar na equipa de Pepa
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Mohamed Diaby, de 23 anos, é hoje o terceiro médio mais utilizado pelo Paços de Ferreira no campeonato, mas há três anos estava longe de pisar os palcos da I Liga. O francês, irmão de Abou Diaby, antigo jogador que se notabilizou no Arsenal, chegou a Portugal em 2016 trazido por um empresário que foi bater à porta do Salgueiros, então orientado por Rui Amorim. "O Diaby apareceu-me na pré-época, vindo dos distritais de França, com um agente que me pediu para ele prestar provas. Assim que o vi a treinar, disse ao presidente: "Agarre este menino, porque ele pode vir a dar muito dinheiro ao Salgueiros", recorda.
Amorim saiu pouco depois para o Santa Clara e aconselhou a contratação de Diaby. "Pedia sempre para trabalhar mais um pouco depois dos treinos, mas o clube não o inscreveu, pois tinha muitas dificuldades financeiras. Fui para o Santa Clara e mal cheguei indiquei a contratação dele. Quando ele assinou, passados dois dias saí do clube e nunca cheguei a treiná-lo", conta.
Nos Açores, Diaby foi emprestado ao Ideal, do Campeonato de Portugal. Luís Roquete, que treinava o conjunto da Ribeira Grande, desfez-se em elogios para descrever não só as qualidades futebolísticas do médio, mas também "as humanas". "Era um rapaz educado, muito simples e, às vezes, até ingénuo. Eu moro no Estoril e no ano passado fui ver o Estoril-Paços de Ferreira, na II Liga, e estive para tentar falar com ele depois do jogo, mas não consegui devido a um problema familiar. Quero sobretudo dar-lhe os parabéns, pois sabia que ele ia chegar ao topo", sublinha.
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O mais difícil foi controlar a agressividade excessiva de Diaby nos treinos e jogos, embora o jogador não tivesse essa característica "por maldade". "Não tinha noção do que era fazer contenção. Queria ir às bolas todas e entrava sempre para as ganhar, então muitas vezes chegava tarde e atropelava", explica. "Aquilo era entradas para amarelos e vermelhos, mas tecnicamente sabia jogar. Então procurei ensiná-lo a recuperar a bola sem faltas e a saber definir sem contacto físico.
Às vezes, os colegas levavam a mal, mas depois percebiam que ele era ingénuo. Deu-nos muito jeito", acrescenta. Agora é o Paços de Ferreira que esfrega as mãos...
Futuro risonho e encaixe financeiro em perspetiva
O médio teve de voltar aos distritais para poder finalmente afirmar-se, já que Diaby começou pelo Paços de Ferreira B (AF Porto) quando o clube o contratou ao Santa Clara, em 2017. No ano seguinte, Vítor Oliveira puxou-o para a equipa principal e utilizou-o em 25 jogos. Esta temporada, Diaby já vai em 26 partidas, nos quais marcou três golos (dois no campeonato). "O Diaby vinha "selvagem" e precisava de ser trabalhado", lembra Rui Amorim. "Pode ser um grande 6 ou 8 do futebol europeu", diz Luís Roquete. Certo é que já se falou num interesse do Reading em junho de 2019 e Diaby pode muito bem vir a render um bom encaixe financeiro.