Martí Cifuentes, treinador que lançou o sueco, crê que o tempo vai dar razão ao potencial. Estreia promissora além do golo
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Se for possível encontrar algo de positivo na derrota impactante (3-2) que o FC Porto sofreu contra o Bodo/Glimt, Deniz Gul fará parte dessa descoberta. Antes da primeira jornada da Liga Europa, o avançado ainda nem sequer tinha ido ao banco, mas saiu da Noruega com um golo em 21 minutos. Deixou bons sinais além desse momento e quem acompanhou de perto Deniz no Hammarby, clube anterior e onde cresceu na Suécia, deteta capacidades para fazer a diferença, mas reconhece que também é preciso dar-lhe tempo.
Também o diretor-desportivo do Hammarby valoriza o espaço para a adaptação. Mentalidade e robustez fizeram do avançado um dos escassos pontos positivos do descalabro na Noruega.
“Evoluiu muito. Sendo forte no corpo a corpo, também tem velocidade. Move-se bem, é um puro avançado de área e com boa definição. Sabe onde deve estar para marcar os golos”, descreve Martí Cifuentes a O JOGO, treinador que potenciou a estreia do ponta-de-lança no Hammarby, em 2023, “impressionado” pelo que viu nos escalões de formação. A análise remete-nos para o golo de Deniz na Noruega.
Nos primeiros 21 minutos pelo FC Porto, Gul ganhou todos os duelos e somou quatro ações na área. Disparou três vezes e só teve uma perda de bola
Como diz o cântico, de “pé direito rematou”, num gesto oportuno e “fácil” numa recarga, mas que também só surgiu porque, segundos antes, de “cabeça finalizou” para uma grande defesa do guarda-redes para canto. O ponta-de-lança ainda teve outro disparo e ganhou os quatro duelos que disputou, além de ter sofrido duas faltas, uma delas a escassos metros da grande área, ainda que, nesse lance, talvez tivesse sido mais avisado ter libertado a bola para Galeno, que estava solto na esquerda. Tudo reflexos de um talento em bruto.
“Contem com um jogador que se movimenta bem, é esperto, robusto e capaz de proteger a bola. Ajuda em todas as tarefas defensivas e de pressão, mas tem como grande virtude o que faz na área, finaliza muito bem e, através dos movimentos que faz, gera outras situações de perigo”, acrescenta Cifuentes, que viu um “crescimento apreciável nos últimos meses” na Suécia e, como tal, crê que é “o momento certo para agarrar esta oportunidade”.
Um salto à medida da mentalidade
Os elogios do agora treinador do Queens Park Rangers não são indiferentes ao facto de o jogador de 20 anos estar nos primeiros passos de uma “mudança forte” e que até causou alguma surpresa em Portugal. No entanto, defende o catalão, também é este contexto de exigência nos dragões que vai “permitir a Deniz ter por perto profissionais de grande nível, o que o fará melhorar”.
“Chega a um clube grande da Europa, evidentemente são vários passos em frente na mesma mudança, mas penso que terá potencial para acompanhar tudo isso e se desenvolver rapidamente”, projeta Cifuentes, assente não só nas qualidades, como também na “personalidade amigável” e compromisso diário. “Trabalha duro no campo e escuta muito os mais velhos. A esse nível está preparado para este salto, com o grande desafio de aprender o idioma e entender rapidamente um novo futebol. Mas já é bastante maduro”, conclui o técnico.
Também Mikael Hjelmberg, diretor-desportivo do Hammarby, reconhece que Deniz Gul “poderá precisar de algum tempo para se ajustar”, mas aposta que “vai contribuir rapidamente para o sucesso da equipa”, porque, não duvida o dirigente, o FC Porto contratou “em três dias” um “tremendo finalizador com grande controlo de bola”. “Tem uma mentalidade fortíssima. É trabalhador e tem enorme autoconfiança”, acrescenta Hjelmberg, em linha com os primeiros minutos do sueco: o contexto para a estreia era delicado, mas o impacto foi imediato.