Declarações de Gonçalo Almeida Ribeiro, candidato a Presidente da Mesa da Assembleia Geral na lista de João Noronha Lopes
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Deduz-se que seja, obviamente para si, um dia especial, onde espera que o expoente máximo seja no dia 25 de outubro? "Sim, é um dia muito especial, eu quero contribuir para que haja uma grande mudança no Benfica. Como adepto que sofre com o Benfica, tenho assistido com muita tristeza a que o Benfica não tem tido resultados desportivos e financeiros condizentes com a sua dimensão social e o seu potencial. E tenho uma grande esperança que uma direção protagonizada pelo João Noronha Lopes, com órgãos sociais, com titulares da qualidade dos que ele aqui apresenta hoje, possam realizar, se não na medida máxima, pelo menos próximo disso, o enormíssimo potencial que o Benfica tem. O Benfica é uma instituição com uma dimensão global e é provavelmente das mais notáveis instituições da cultura e da sociedade portuguesa. E acho que merece bem melhor do que tem tido nos últimos largos anos."
Como é que olha para as Assembleias Gerais do Benfica nos últimos anos, e particularmente a última, marcada por alguns excessos. Como é que olha para essas Assembleias Gerais? "Bom, para os incidentes da última Assembleia Geral, olho com estupefação. O Benfica é dos sócios e, portanto, é uma comunidade e não propriedade de algum indivíduo ou organização. E a essência do clube é democrática, tem um substrato associativo. Por isso é natural que no órgão que tem o poder supremo e residual do clube, que é a Assembleia Geral, os sócios, que são homens e mulheres comuns, se manifestem e que nessa manifestação as paixões, que são a essência do futebol, emerjam e tenham um papel relevante. Agora, é evidente que as Assembleias Gerais só podem cumprir a sua função deliberativa se houver um ambiente de civilidade ou de liberdade ordeira. Aquilo é que eu assisti na última Assembleia Geral foram excessos com tentativas de impedir um sócio de falar, com sócios que se tinham organizado de forma a excitar as paixões na Assembleia Geral, tentativas de manietar o funcionamento da Assembleia Geral, que são completamente incompatíveis com a missão e os estatutos. Portanto, eu não quero de maneira nenhuma que as Assembleias Gerais do Benfica deixem de ser participadas e apaixonadas, porque no dia em que isso acontecer o Benfica tornou-se uma instituição bem diferente daquela que é hoje. Mas, por outro lado, tem que haver um regime de liberdade ordeira nas Assembleias Gerais e a Mesa tem instrumentos limitados, mas relevantes, nomeadamente aqueles que nos conferem estatutos para assegurar essa liberdade ordeira."
Mas não houve acusações à lista, aos apoiantes de Noronha Lopes, de ter permitido aquilo e ter incitado ao que se passou? "Eu estive, por exemplo, nessa Assembleia Geral, aliás, falei à tarde sobre uma questão que me parece importante, que é o direito dos sócios a proporem alterações ao regulamento eleitoral que foi apresentado e, portanto, nessa medida suponho que eu integre o conjunto dos apoiantes de João Noronha Lopes, visto que ele lançou-me o desafio de ser candidato a Presidente da Mesa da Assembleia Geral numa lista que é separada da lista à direção, mas, obviamente, a minha aceitação baseou-se na minha convicção de que João Noronha Lopes tem todas as qualidades para ser um grande Presidente do Benfica. Mas eu, sou adepto de apoiantes de João Noronha Lopes e posso-lhe garantir que nem eu nem nenhum dos outros apoiantes que me rodeavam teve qualquer espécie de cumplicidade com o que se passou na Assembleia Geral. Portanto, tanto quanto eu posso dizer, isso é rigorosamente falso. Além do mais, João Noronha Lopes já se manifestou sobre essa matéria, eu conheço-o há muitos anos, é uma pessoa de palavra firme, de uma civilidade acima de toda a prova e, portanto, suponho que essa polémica tenha sido montada por aqueles a quem interessava não assumirem as responsabilidades pelo que se passou."
O Regulamento Eleitoral preocupa? "Preocupa-me o sumo do Regulamento Eleitoral em dois planos diferentes. Primeiro, preocupa-me bastante que a Assembleia Geral tenha sido confrontada com uma proposta do Regulamento Eleitoral da Direção, sem que tenha sido dado aos sócios o direito que eles têm estatutariamente de proporem alterações ao texto da Direção. Ao fazer isto, a Mesa da Assembleia Geral colocou os sócios do Benfica perante um dilema que é diziam sim ou não apenas àquele texto e eu acho que isso muito contribuiu para o desfecho que foi na aprovação do Regulamento. Isto gerou uma situação em que nós não temos um instrumento que regule as eleições. A Mesa da Assembleia Geral anunciou que vai aplicar o Regulamento das eleições 2021 na medida em que ele seja compatível com os estatutos, o que significa que se arroga uma grande latitude para decidir em que medida que esse regulamento é aplicável, mas há também nisto uma certa ironia e a ironia é a seguinte, esse Regulamento 2021 foi um regulamento criado num quadro estatutário diverso e foi um regulamento consensualizado entre as duas candidaturas. Eu acharia importante que houvesse um esforço perante esta ausência de regulamento aprovado na Assembleia Geral para que se consensualizasse o regime que vai ser aplicado nas próximas eleições e isso tornará as eleições mais transparentes e mais confiáveis. E eu penso que os benfiquistas têm algum trauma com a transparência e confiabilidade das eleições que pode ser facilmente ultrapassado se houver um esforço amplo de consensualização."
Mas acredita nesse esforço que o Regulamento Eleitoral ainda possa sofrer alterações? "Veremos. Obrigado."
Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Gonçalo Almeida Ribeiro pic.twitter.com/blSQ5uvhym
- João Noronha Lopes (@jnoronhalopes) October 7, 2025