"Com o Marchesín na baliza, podes dormir sem cobertores. É de primeiro nível mundial"
Taça de Portugal dará a estreia a Marchesín, que se vê numa situação inédita no Dragão. Avançado uruguaio lembra que a forma de estar do guardião, além da qualidade, ficou gravada em todos os clubes
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Com a chegada da Taça de Portugal, na sexta-feira, com o Sintrense, Marchesín prepara-se para fazer a estreia numa temporada que lhe trouxe algo raro na carreira e inédito no FC Porto: ser suplente.
Devido à Copa América, o guarda-redes argentino perdeu grande parte da pré-época, começou no banco e por lá continuou depois de ter recuperado de uma lesão no joelho.
Quem o conhece, contudo, não duvida da capacidade para encarar este desafio. Se, do ponto de vista técnico, Marche já deixou evidente a qualidade que tem, a forma de estar e a personalidade também serão aliadas, garante Santiago Silva, avançado que acompanhou o guardião no Lanús, na Argentina, entre 2013 e 2015.
"Sem dúvida que deve ser estranho ele estar no banco, porque estamos habituados a vê-lo sempre a titular. Mesmo para o Marchesín, deve ser uma situação incómoda, mas é um líder e anda sempre para a frente, prioriza o bem-estar da equipa em detrimento do individual", vincou a O JOGO o veterano (40 anos) uruguaio cuja carreira passou pelo Beira-Mar, em 2004/05.
Não obstante, ciente de que "as esperas para jogar são maiores" numa posição na qual "só há lugar para um" e de que "não conhece a situação em particular" na baliza portista, Santiago crê que Marchesín "voltará em breve a ser titular".
"Ter o Marche na baliza é saber que tens grandes hipóteses de não sofrer golos, é um guarda-redes que dá segurança e responde sempre que é chamado a intervir, faz a equipa sentir que as costas estão cobertas. Eu dizia sempre que, com ele na baliza, podia-se dormir sem cobertores", sustenta "El Tanque", convicto de que o camisola 1 dos dragões "já demonstrou tudo o que pode oferecer e o que representa" e que, aos 33 anos, figura na elite: "É um guarda-redes de primeiro nível mundial."
Muito acarinhado pelos clubes que defendeu, Marche é uma voz importante no plantel do FC Porto e foi (também) na sua sombra que o agora titular Diogo Costa cresceu. A experiência ajudou, mas essa presença forte já vem de há muito.
"Quando o conheci no Lanús, já era um líder no balneário e, rapidamente, cresceu em campo e se transformou num guarda-redes de seleção, o que não é fácil na Argentina, mas o Marche esteve muito bem", sublinha o uruguaio, sem esquecer o que o argentino fez depois de terem tomado caminhos diferentes: "Foi muito importante, no Lanús, no Santos Laguna e no América. Em todos deixou marca e por algum motivo lhe deram sempre a braçadeira de capitão."
Penálti travado e um festejo caro para Silva
Das vivências partilhadas por Marchesín e Tanque Silva no Lanús, há uma particularmente curiosa. Em abril de 2014, os argentinos defrontaram o O"Higgins, do Chile, para a Taça dos Libertadores, num jogo quentinho. Perto do apito final, o árbitro assinalou um penálti muito contestado pelo Lanús, mas Marche levou a melhor e segurou o 0-0.
Quem não se aguentou foi Silva, que "dedicou" a defesa ao árbitro e foi expulso, numa revolta tão grande que teve de ser contida por vários colegas, incluindo o guardião.
Na Argentina, a dupla conquistou a Copa Sul-americana, um ano antes, no primeiro de dez títulos de Marchesín. "Não é fácil ganhar troféus em cada clube que representas e o Marchesín conseguiu isso", lembra o avançado.