"Colei um poster do FC Porto no caderno e os meus colegas chamaram-me vira-casacas"
Excertos da entrevista de Silvestre Varela ao programa "Hora dos Craques", apresentado por Maniche, no Porto Canal.
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Alcunha de Drogba da Caparica: "Foi o José Semedo, jogámos na formação do Sporting e, quando fomos para o Casa Pia, eu tinha o cabelo comprido e metia uma fita. Daí as semelhanças do Drogba, que na altura estava em grande, e começaram a chamar-me Drogba da Caparica."
Infância: "Nasci em Lisboa mas vivi num bairro na Vila Nova da Caparica. Não tive dificuldades em ter algo para comer, as dificuldades eram outras. As coisas que queria, se calhar, não podia ter. Estou muito agradecido aos meus pais que fizeram sempre tudo para me dar as condições mínimas para eu conseguir ter uma boa vida."
Desilusão no fim da formação no Sporting: "Fiz uma grande época nos juniores e criei muitas expectativas, pensei que podia fazer pelo menos a pré-época na equipa A. A equipa B, por azar, deixou de existir e o Sporting fez um protocolo com o Casa Pia e só dois jogadores dos juniores é que transitaram para lá, o resto foi embora. Eu e o José Semedo fomos para lá. Foi difícil, lembro-me que, nas férias, quando soube, fiquei um bocado sentido, achei que merecia mais, mas não baixei a cabeça e tentei sempre fazer as coisas da melhor maneira. Fui para a segunda divisão B e encontrei um grupo fantástico que me ajudou a crescer imenso como futebolista e homem."
Escolher o FC Porto depois do Estrela da Amadora: "Gosto de futebol, de ver boas equipas, de ver que uma equipa tem um espírito com o qual me identifico e foi uma das coisas em que pensei muito na altura. O FC Porto estava num bom momento, tinha uma estrutura sólida e uma equipa que não era vaidosa, era uma equipa de trabalho. Foi uma das coisas que me motivou."
Carinho pelo FC Porto antes de jogar no Dragão: "Era sportinguista e a minha família toda também. Eu acompanhava o campeonato e gostava imenso do FC Porto, gostava daquela raça e entrega. Isso mexia comigo. No sexto, ano, houve uma vez em que fui para a escola e colei um poster do FC Porto no meu caderno. Os meus colegas viram e começaram a chamar-me vira-casacas, a meter-me uma pressão que eu tive de tirar o poster do caderno. Mas está comprovado que tinha razão."
Um trato diferente de Pinto da Costa: "O presidente falou comigo diretamente. Senti que o interesse que havia do FC Porto era muito e isso deixava-me mais confortável para tomar uma decisão."