Coates analisa Varandas, Keizer e lembra: "Todos diziam que o Sporting era a equipa mais débil"
ENTREVISTA A COATES (PARTE 1) - A loucura goleadora em que o Sporting entrou... é para continuar. Palavra de um dos capitães dos leões, que ao nosso jornal abriu o livro e tocou nos temas felizes e nos mais tristes com a mesma sinceridade.
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O Sporting chega ao Natal a lutar por todas as competições. Quando começou a época, que cenário esperavam por esta altura face a todas as condicionantes?
-Quando começou a época os nossos objetivos eram claros: chegar a meio do ano a lutar por todas as provas - conseguimos alcançar essa meta. Falou-se muito da nossa situação e no início da época todos diziam que o Sporting era a equipa mais débil. Estamos a demonstrar, de dia para dia, que somos muito bons.
Marcel Keizer mudou muita coisa em pouco tempo. Consegue nomear três grandes alterações que ele tenha promovido?
-Cada treinador tem os seus métodos. Neste caso, o míster Keizer pede para percebermos a sua filosofia [ver caixa]. É o mais importante. Nos últimos jogos marcámos muitos golos porque estamos bem posicionados. Ao pressionar os rivais conseguimos roubar mais bolas em zonas avançadas e isso facilita o nosso trabalho.
Crê que a equipa pode desequilibrar atrás com este tipo de abordagem introduzida por Keizer?
-Penso que não. Frente ao Nacional, entrámos mal no jogo e a nossa sorte foi que os dois golos do adversário surgiram logo no princípio. Estamos conscientes de que ainda há coisas para melhorar.
Esta ideia de jogo é para manter frente a FC Porto, Benfica ou um adversário europeu de qualidade?
-Até agora, temos demonstrado que queremos ser protagonistas em todos os jogos. O treinador gosta muito que a equipa mantenha a posse da bola e que jogue ao ataque. Não vamos mudar esta atitude, filosofia, seja contra quem for que joguemos. É muito bom ter este tipo de mentalidade. Somos uma equipa grande e temos de partir para cima de qualquer adversário.
"Gostamos de ser protagonistas em todos os jogos. Não vamos mudar a nossa filosofia. É bom ter este tipo de mentalidade"
No princípio da época, José Peseiro insistiu que o Sporting estava um degrau abaixo dos rivais. Neste momento essa diferença já foi superada?
-Havia muito ruído vindo de fora, sobre o que valia esta equipa e estes jogadores; muita gente insistia que o Sporting era o mais fraco dos três grandes, mas nós demonstrámos que nunca fomos inferiores a ninguém. Temos de seguir este caminho - de luta - e posso garantir que nunca nos renderemos até final da temporada. Esta equipa tem a ambição de conquistar todos os títulos.
Keizer disse ainda ser cedo para falar deles. É, ainda assim, tema no balneário?
-Quando estás num clube da dimensão do Sporting, o objetivo é sempre o mesmo: lutar por todas as competições. Às vezes, não conseguimos lá chegar, sim, mas aqui tem de se lutar sempre pelos troféus.
Que mensagem tem passado o presidente?
-Uma coisa é exigir os títulos, outra coisa é passar uma mensagem de tranquilidade e de apoio para lá chegarmos. É essa última mensagem que o treinador e o presidente têm passado aos jogadores. Para eles, o mais importante é que continuemos a lutar e a dar o nosso melhor por esta camisola, pois esse é o melhor caminho para chegar aos títulos.
O Braga é candidato?
-É uma equipa que cresceu muito nos últimos anos e que tem um grande potencial para lutar de igual para igual com os três grandes. Não nos podemos descuidar. Acho que é bonito para o futebol português existirem mais equipas com capacidade para entrar na luta pelo título.
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"KEIZER PEDIU-NOS PARA ATACAR, MARCAR GOLOS E PRESSIONAR"
E a primeira mensagem de Keizer aos jogadores, no que ao estilo diz respeito, pode revelar-nos? "Pediu-nos para atacar, marcar golos e pressionar. Logicamente que vamos melhorar todos esses aspetos de jogo para jogo. Os treinos são muito bons, com muita dinâmica e isso ajuda-nos a ganhar a condição física para estar à altura dos seus pedidos dentro do campo", explicou, refutando - para já - a existência de um... "tiki-Keizer": "Não sei se posso batizar o seu estilo dessa maneira. É bom para os jogadores que os treinadores tenham uma ideia clara de jogo. Isso sim."
"PRIMEIRO IMPACTO DE VARANDAS É A ESTABILIDADE QUE NOS DEU"
Como é que viu Frederico Varandas passar de diretor do corpo clínico para presidente do Sporting?
-Não sei se é comum no futebol... Vivia o meu dia a dia com ele e sei que ele tem uma capacidade enorme para liderar. Espero que tenha sucesso. É muito difícil liderar uma equipa de futebol, mas sei que é uma pessoa com bastantes capacidades. Depende de muitas coisas, como as pessoas que estão com ele, por exemplo.
A vossa relação alterou-se?
-Já não nos vemos todos os dias. Logicamente que há respeito, mas também sempre houve. A nossa relação não se alterou, mas agora... Talvez não possa pedir-lhe certas coisas que antes, quando era o diretor clínico, lhe pedia.
Ainda lhe chama "doutor" - por hábito - ou já lhe chama presidente?
-[risos] Não! Presidente! Quando se apresentou, deixou bem claro que tinha mudado de funções. Vou continuar a tratá-lo com o mesmo respeito que lhe tive até então - como disse, sempre houve.
Que impacto está a ter a sua liderança no clube?
-O primeiro impacto, depois de tudo o que se viveu, é a estabilidade. Tanto o presidente como a sua equipa trouxeram estabilidade ao clube. Os resultados alteram muitas coisas. E hoje podemos ver-nos na Academia a trabalhar da melhor maneira, estrearam-se novos jogadores, há muito talentos. Mas, sobretudo, a estabilidade. E isso reflete-se em campo. Quando não há muita estabilidade, é difícil jogar... Esperemos continuar assim.