Consciente da "densidade de jogos ", o técnico do Paços de Ferreira concorda com a ideia da FIFA. José Gomes, do Marítimo, vê uma oportunidade para os jogadores que só não jogam pelas restrições atuais.
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Pepa, treinador do Paços de Ferreira, Daniel Ramos, do Boavista, e José Gomes, do Marítimo, concordam em traços gerais com a proposta das cinco substituições por jogo, promovida pela FIFA. Os dois primeiros até deixaram outras sugestões.
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"Concordo, sendo expectável uma densidade enorme de jogos, tendo a noção que só a partir da quarta/quinta semanas é que os jogadores estão em condições para fazer os 90 minutos - e mesmo assim é um pouco precoce já que as pré-épocas têm seis semanas -, acho pertinente e importante", afirmou o treinador do Paços de Ferreira.
Por outro lado, Daniel Ramos crê que a alteração extra no prolongamento deixaria de ser necessária. "Não concordo com a possibilidade da substituição no tempo de prolongamento se as equipas já tiverem feito a quinta substituição", justificou o técnico do Boavista, que antes defende a possibilidade de ter um "maior número de jogadores em aquecimento. Quatro ou até mesmo cinco". Atualmente, os técnicos só podem ter até três jogadores em exercícios de ativação. No mesmo sentido, Pepa entende que esta possível mexida temporária nas regras do jogo deve implicar outra mudança. "Alargava o número de suplentes, como nos jogos da seleção: em vez de 18, 21 jogadores", sustenta o técnico do Paços de Ferreira, ciente de que isso poderia implicar um entrave logístico, por ir "contra o espaço dos bancos". "Mas, se calhar, não haveria problema", rematou.
Os treinadores sugerem a hipótese de ter mais jogadores no banco e em aquecimento simultâneo
Noutro âmbito, José Gomes, entende que a medida "acaba por trazer justiça para todos". "Não só para os adeptos verem mais jogadores que fazem parte do plantel, como também para aqueles jogadores que treinam bem, percebem o jogo e merecem ser utilizados, mas que, infelizmente, pela restrição da utilização, não o podem fazer", sustentou o treinador do Marítimo.
O JOGO contactou outros treinadores da I Liga, que preferiram resguardar opiniões até haver uma decisão oficial.
"Liga teria de convocar Assembleia Geral"
Se a Liga de Clubes pretender incluir nos seus regulamentos as cinco substituições - ainda em forma de proposta da FIFA -, "terá de convocar uma assembleia geral que permita alterar essa norma do Regulamento de Competições", refere João Martins, antigo diretor executivo do organismo que tutela o futebol profissional (I e II ligas).
"Caso o IFAB venha a alterar o número de substituições, para fazer face ao desgaste dos atletas no regresso às competições, ainda assim essa regra não terá aplicação automática nas nossas competições profissionais, pois terá também que ser alterado o n.º 1 do artigo 41º desse regulamento.
O atual coordenador do departamento de desporto da sociedade de advogados JPAB entende ser importante "refletir sobre o efeito que esta alteração poderá causar na estabilidade das competições, pois irá beneficiar os clubes que têm plantéis mais fortes, quer pela sua qualidade, quer pela quantidade de jogadores inscritos, pois permite-lhes ter ao longo dos 90 minutos mais jogadores de qualidade, faculdade que não tinham antes da suspensão do campeonato, algo que pode, por isso, causar maior desequilíbrio entre as equipas".