Cancelo faz juras de amor ao Benfica: o momento, um possível duelo e o desejo de voltar
ENTREVISTA, PARTE III - Formado nas águias, o jogador que deixou o clube em 2014, continua um adepto e segue com atenção e felicidade o desempenho da equipa de Roger Schmidt. Cancelo destaca a qualidade coletiva e individual dos encarnados e elogia o trabalho da Direção. Espera evitar um eventual confronto na Champions e assume a vontade de um dia voltar à Luz.
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João Cancelo deixou o Benfica em 2014 com apenas dois jogos realizados pela equipa principal das águias. Começou no Valência a carreira no estrangeiro, que já teve paragens por Inter, Juventus, City e, agora, Bayern. Contudo, mantém-se adepto fiel dos encarnados, vê quase todos os jogos e está entusiasmado com a atual temporada da equipa liderada por Schmidt que, diz, formou um grupo muito unido.
Como tem visto o Benfica, o clube onde se formou e que está a viver uma grande época até ao momento. Tem conseguido acompanhar os jogos?
-Acompanho quase todos. Estou a adorar, estou a adorar a forma como o Benfica joga e a forma como a Direção pensa em tudo no clube. A aposta nos jovens, a seriedade com que têm sido feitas as coisas ultimamente. O Benfica é um grande clube e necessita dessa estabilidade que está a ter agora. Ninguém pede ao Benfica que ganhe a Champions, mas este é um clube de nível mundial, tem uma história lindíssima, é um clube do qual me orgulho muito de ter feito parte e espero ainda um dia voltar a fazer parte outra vez. Mas estou sobretudo a adorar a forma como estão jogar não só em Portugal mas também na Europa. Este é o clube do meu coração, e também o Barreirense, não posso esquecer o Barreirense. Adoro o Benfica, era o clube da minha mãe também, estou a tentar que a minha filha seja do Benfica, mas a minha mulher é sportinguista e não está fácil porque ela passa mais tempo com ela e eu não tenho tempo de lhe meter o bichinho. Mas com calma, depois dela chegar aos cinco anos vou ter tempo para fazer dela benfiquista (risos).
Gostaria de defrontar o Benfica na próxima ronda da Liga dos Campeões ou preferia evitar?
-Não me faça essa pergunta (risos). Preferia evitar. Quando me lembro do Benfica, lembro-me muito da minha mãe [falecida num acidente de automóvel a 5 de janeiro de 2013], dela a acompanhar-me em todos os jogos, dela a ver-me na bancada, de tudo. Preferia não defrontar o Benfica. A minha mãe era muito fanática pelo Benfica, muito mesmo. Lembro-me da primeira vez que fui jogar pelo Benfica e de como ela ficou radiante por ver-me jogar no clube do coração dela. É por isso que preferia não defrontá-los.
E o que destacaria como pontos mais positivos na equipa de Schmidt? O estilo de jogo, a capacidade coletiva ou individual...
-Acho que Roger Schmidt criou um grupo muito forte e vê-se mesmo quando eles não jogam bem. O João Mário é muito meu amigo, falo muito com ele, sobretudo quando estamos na Seleção, e ele diz-me que está num clube espetacular, o que eu já sabia, e que o grupo é também espetacular, que há uma união tremenda e às vezes é isso que faz falta. As equipas têm 50 ou 60 jogos por época com as competições europeias e não se consegue jogar sempre bem, é impossível. Uma equipa para ter sucesso não deve olhar para o momento das vitórias, porque quando se ganha está tudo bem, quando se perde é que é preciso ter o clique que faz rapidamente voltar às vitórias. Isso é o que faz a diferença nas grandes equipas. Acho que no Benfica isso está a suceder. Também têm grandes jogadores. João Mário, Neres, Florentino, gosto muito do Bah, Grimaldo é top. Dos centrais, o António já foi à Seleção, não jogou muito, mas surpreendeu-me muito, o Otamendi joguei com ele no City e é um jogador tremendo. Tiveram a situação do Enzo, que saiu e parece que coisa continua a funcionar. O norueguês, como é que se diz o nome dele (risos)... o Aursnes é um jogador formidável. Agora têm o Guedes, que é outra mota. Não sei o que dizer, o Gonçalo Ramos não pára de marcar golos também. É uma equipa formidável a nível individual e coletivo também.