Três antigos dirigentes das águias não entendem a rotatividade de alguns atletas na Liga dos Campeões.
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A gestão que Bruno Lage tem feito do plantel em jogos da Liga dos Campeões, mas não só, está a causar desagrado junto de alguns adeptos dos encarnados que voltaram a sentir o travo da derrota em São Petersburgo.
José Manuel Capristano, Ana Paula Pinho e Gaspar Ramos apoiam a política de aposta em jovens mas também entendem que o treinador tem vindo a cometer alguns erros no escalonamento da equipa
Na hora de analisar o 3-1 perante o Zenit, resultado que se junta ao desaire na Luz frente ao Leipzig (2-1) na ronda anterior, três antigos dirigentes do clube da águia alinharam na crítica às escolhas do técnico. Acima de tudo, a rotatividade de alguns atletas é vista como o fator que mais tem contribuído para um início de campanha desastroso na prova milionária.
"Faz-me confusão a rotatividade de jogadores quando se seguem três semanas de paragem no campeonato. Se, em setembro ou outubro, já se faz isso, então vai ser preciso comprar uma nova equipa em janeiro ou fevereiro...", começa por referir José Manuel Capristano a O JOGO. O ex-vice-presidente do Benfica frisa, "não entender como alguns que não estavam a jogar passam para o onze de repente, como são os casos de Jardel ou de Fejsa". "Respeito quem lá está e não sou ingrato para com o que Bruno Lage fez na época passada", assegura apelando ainda "à união em torno da estrutura".
De baterias apontadas ao treinador campeão nacional ficou Ana Paula Pinho. A antiga dirigente do Benfica também é contra mudanças excessivas de titulares. "Não pode haver rotação na Champions, aí é preciso ter os melhores jogadores, os que melhor jogam juntos e não se pode tornar essas partidas num laboratório. Neste momento, não estou a reconhecer o Bruno Lage do ano passado. Ele é humilde mas não sei se esta questão de ter de apostar na formação não lhe está a pesar", refere.
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Já Gaspar Ramos, ex-vice-presidente do Benfica, remete O JOGO para as cáusticas declarações feitas durante o dia à Rádio Renascença. "Espero que o treinador comece a pôr os pés no chão pois tem cometido enormes erros na utilização de jogadores e das posições onde os coloca. Os jogadores já estão um bocado confundidos com tanta teoria", disse deixando um recado: "Tem de pensar que está a treinar o Benfica e não um clube qualquer de segundo plano."
Presidente também não escapa à onda de críticas
A gestão do plantel do Benfica não tem agradado mas também falta capacidade ao mesmo, algo que atinge o presidente. "Vimos [frente ao Zenit] um nível competitivo muito elevado em relação à nossa equipa. Ou criamos condições para atingir esse nível, ou continuaremos com muitas dificuldades na Europa. [Vieira] Tem de tornar a equipa muito mais competitiva, com mais força, mais peso e mais nível competitivo", frisa Gaspar Ramos. Já Ana Paula Pinho, diz que "ficaram por fazer contratações para que se apostasse mais na formação mas, às vezes, isso não surte o efeito que se espera".
INQUÉRITO
1 - A que se devem os maus resultados da equipa do Benfica na Liga dos Campeões, em particular nos dois jogos desta época?
2 - Sente que falta competitividade ao plantel encarnado e que há menos opções do que as necessárias para esta prova?
"Se há rotação agora, em janeiro é preciso nova equipa" - José Manuel Capristano, ex-dirigente do Benfica
1 - Faz-me confusão a rotatividade de jogadores quando se seguem três semanas de paragem no campeonato. Se em setembro ou outubro já se faz isso, então é preciso comprar uma nova equipa em janeiro ou fevereiro. Apesar dos resultados, ainda acredito numa recuperação na Champions pois há muitos jogos. Foi um péssimo começo mas não se pode atirar a toalha ao chão.
2 - Em relação à época passada saiu João Félix, que era uma pérola e está a demonstrá-lo no Atlético de Madrid. Jonas também ajudou muito na temporada anterior e terminou a carreira, mas nada disso justifica estes resultados pois o Benfica tem um plantel suficiente para fazer uma outra carreira na Champions.
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"Jogos da Champions não pode ser um laboratório" - Ana Paula Pinho, ex-dirigente do Benfica
1 - Não pode haver rotação na Champions, aí é preciso ter os melhores jogadores, os que sabem melhor jogar juntos e não se pode tornar essas partidas em laboratório. Neste momento, não estou a reconhecer o Bruno Lage do ano passado. Ele é uma pessoa humilde mas não sei se esta questão de ter de apostar na formação não lhe está a pesar. Lançar-se jovens é bom mas não chega.
2 - Ficaram por fazer contratações para que se apostasse mais na formação mas, às vezes, isso não surte o efeito que se espera. Não vejo quem transporte a bola de trás para a frente e também estou muito admirada com o rendimento atual de Seferovic, que até acho ser um bom jogador como mostrou no ano passado.
"Espero que Bruno Lage comece a pôr os pés no chão" - Gaspar Ramos, ex-dirigente do Benfica
1 - Espero que o treinador comece a pôr os pés no chão pois tem cometido enormes erros na utilização de jogadores e das posições onde os coloca". Bruno Lage transmite para o exterior uma realidade que temos grande dificuldade em entender e, se calhar, os jogadores já estão um bocado confundidos com tanta teoria.
2 - É preciso tornar a equipa muito mais competitiva e com mais força, mais peso e mais nível competitivo. [Vieira] Tem de alterar a filosofia do seu projeto europeu, porque o que vimos [frente ao Zenit] foi um nível competitivo muito elevado em relação ao Benfica. Ou se criam condições para estar nesse nível, ou vamos continuar a ter muitas dificuldades na Europa.