Atualmente, o Braga apresenta o dobro da capacidade de investimento do V. Guimarães. O dérbi visto em números...
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Um jogo entre o V. Guimarães e o Braga sempre apaixonou as gentes do Minho, ainda que nos últimos anos tenha vindo a conquistar uma dimensão cada vez mais nacional. O dérbi ganhou mediatismo e os clubes ambição, muito por culpa do trabalho, mas também de um discurso mais afirmativo, dos dois presidentes, Júlio Mendes e António Salvador. No jogo das palavras, o líder arsenalista foi o primeiro a anunciar o "objetivo" da conquista do título até 2021, ano do centenário do clube, numa ideia recentemente acompanhada por Júlio Mendes, à boleia da última campanha eleitoral. "O sonho de todos os vitorianos é um dia sermos campeões nacionais", afirmou o presidente vitoriano, num desejo que começa a ganhar força em Guimarães.
Apesar disso, os resultados desportivos das últimas épocas mostram que o Braga já consegue ameaçar com relativa frequência os três grandes, numa tese certificada até pela atual liderança do campeonato, enquanto o V. Guimarães ainda continua à procura que essa aproximação ao topo se faça de uma forma mais consistente. No entanto, não há como negar a evidência: o Braga tem sido, no plano desportivo, bem mais forte do que o seu histórico rival ao longo deste século, ainda que não seja só dentro do campo que essa superioridade se tenha feito notar.
A SAD arsenalista, constituída em 1998, apresenta na atualidade uma pujança financeira substancialmente superior à do V. Guimarães, que só apareceu em 2013, pela mão de Júlio Mendes. É verdade que nem sempre os resultados desportivos se ligam à capacidade de investimento numa equipa de futebol, mas é ainda mais verdade que os clubes com mais dinheiro são, na maior parte das vezes, os melhores em campo. Nesse aspeto, a SAD do Braga está mais preparada para apostar no "sonho" de conquistar o título a curto/médio prazo, mesmo que a comparação de orçamentos para os três grandes continue a revelar uma enorme diferença.
A SAD do Braga regressou aos resultados negativos no último exercício (1,83 M€), enquanto o V. Guimarães apresentou 800 mil euros de lucro
No entanto, em dia de dérbi importa olhar, sobretudo, para a situação financeira das SAD de V. Guimarães e Braga, partindo da análise detalhada aos relatórios e contas da época 2017/18. Neles, percebe-se que os gastos totais dos arsenalistas com pessoal - a chamada estrutura - são mais do dobro do que os apresentados pelo seu rival (18 milhões de euros contra 8,8), estando aí incluídos os ordenados dos jogadores. O Braga, por exemplo, gastou 10,2 milhões de euros com o plantel que garantiu a melhor pontuação da história do clube - apesar disso, só deu para ficar no quarto lugar do campeonato... -, enquanto o V. Guimarães despendeu 5,7 milhões de euros em ordenados para ficar na nona posição da I Liga. Como se pode facilmente constatar no gráfico apresentado aqui em cima, as diferenças entre as duas sociedades na capacidade para investir são grandes (31 milhões do Braga, 15,8 do V. Guimarães, excluindo as transferências), numa situação diretamente ligada às receitas que ambas conseguem garantir.
Plantel: SAD gastaram verbas distintas em ordenados de jogadores; Braga 10,2 M€ e o V. Guimarães 5,7 M€
Fora do campo, o Braga é mais forte, financeiramente mais pujante, mas esta noite, lá dentro, tudo se resumirá à inspiração dos jogadores e treinadores. Venha de lá esse dérbi.
Treinador Pedro Martins fez subir os gastos
Na última época, o V. Guimarães gastou um milhão de euros com treinadores (mais 100 mil euros do que o Braga), ainda que a "derrapagem de custos" tenha sido justificada com "a substituição da equipa técnica durante o exercício". Em causa esteve o despedimento de Pedro Martins, que foi substituído no cargo por José Peseiro - saiu no final da época.
Vendas - Fonte, Neto e... Ricardo Pereira
A venda de Rui Fonte ao Fulham e o empréstimo de Pedro Neto à Lázio foram os negócios que renderam mais ao Braga em 2017/18, quatro e 3,5 milhões de euros, respetivamente. No que diz respeito às mais-valias contabilísticas, a transferência de Ricardo Pereira do FC Porto para Leicester rendeu 2,3 milhões de euros ao V. Guimarães, que ainda detinha 12% do passe.
Maiores investimentos da história
As duas sociedades registaram, durante o último exercício contabilístico (época 2017/18), "os maiores investimentos" da sua história com a contratação de jogadores. O V. Guimarães gastou 11,9 milhões de euros na compra dos direitos económicos de 18 jogadores, entre os quais se destacam, pelos valores envolvidos, Pedro Henriques (2,04 M€), Estupiñán (2 M€), Celis (1,75 M€), Whelton (1,725 M€) e Rincón (1,65 M€).
Curiosamente, o Braga só gastou mais 1,3 milhões de euros do que o seu rival na contratação de 14 jogadores, para um total de 13,2 milhões, com especial relevo para a aquisição definitiva de Bruno Viana, que representou um custo de três milhões de euros - a mais cara contratação de sempre do clube. Para além do defesa-central, os arsenalistas ainda investiram forte nas compras de Raúl Silva (1,5 M€), João Novais (1,5 M€), Eduardo (1,26 M€) e Diogo Figueiras (1,25 M€).