Demorou a encantar e foi apenas titular pela segunda vez, mas apaixonou os adeptos nas jogadas do 1-0 e 2-1 ao Boavista
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Foi pura geometria, foi mel e açúcar numa vitória gorda do Braga, apetitosa para a nação arsenalista, entalada com alguns dissabores recentes. Rodrigo Zalazar emergiu na receção ao Boavista, atestando credencias e reclamando papel principal. O 4-1 aos axadrezados teve o uruguaio na batuta, condição cimeira na equipa apenas merecida antes em Chaves, sem ponta de glória, com saída ao intervalo.
Sem um único jogo completo, Zalazar conta com um total de 309 minutos em nove participações pelo Braga ao longo dos 11 embates oficiais desta época
Tudo foi diferente diante do Boavista. Zalazar sorriu para o jogo e o marcador plasmou a sua influência, recortando-se o calibre das suas ações milimétricas que renderam o 1-0 a Ricardo Horta, com serviço de bandeja para a assistência de Víctor Gómez, e o 2-1 a Banza, com uma variação larga e tensa ao nível de uma mente iluminada. Um passe desconcertante para a defesa do Boavista, que encontrou Pizzi no último adorno antes da finalização.
Talento do uruguaio veio ao de cima e foi cristalina a sua preponderância na goleada ao Boavista, com toques de classe nos dois primeiros golos. Qualidades herdadas do pai, José Zalazar, e outras suas.
Vindo do futebol alemão como reforço de elevadíssimo cartaz, capaz de encantar facilmente em Braga, Rodrigo Zalazar precisou de alguma ambientação para soltar a magia que se augurava. As pistas de um rendimento mais eficaz vieram na receção ao Nápoles, com assistência para o golo de Bruma. Agora, após o 4-1 ao Boavista, o uruguaio anuncia uma nova ordem nas opções intermédias de Artur Jorge, podendo aliar-se ao jogo mais criativo e personificado por Ricardo Horta, Bruma e até Pizzi.
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Filho de um craque como José Zalazar, mítico nome uruguaio do Albacete (76 golos em 258 jogos), Rodrigo escreve a sua história por conta própria. Assim o garante Alzamendi, de 67 anos, figura do River Plate e do futebol "charrua" nos oitentas, jogador do ano na América do Sul em 1986. Foi colega de José Zalazar. "Não dá para comparar. O pai foi sensacional e tinha um remate portentoso. Podem ser parecidos na visão e passe longo, mas movem-se por zonas diferentes. O pai era um 10 puro em 4x3x3, o filho caminha para ser fenomenal como já vimos na seleção. Tem qualidades suficientes e todo um panorama futebolístico pela frente", elogia Alzamendi, detetando marcas promissoras em Rodrigo. "Parece-me um jogador mais solto, que procura combinações, capaz de jogar por dentro e por fora. Está a sair-se muito bem em Portugal, tem uma técnica muito acima da média."
Bielsa de olho no médio uruguaio
Zalazar estreou-se na seleção do Uruguai pouco antes de chegar a Braga, rosto das mudanças de Bielsa, respondendo com dois golos num 4-1 à Nicarágua. Os créditos cresceram e o seu lugar é reclamado para os jogos oficiais com a Colômbia e Brasil. "O Uruguai ficou pendente da sua condição e do que será capaz de continuar a fazer. Tem tudo para ser um grande jogador, o futuro é imprevisível, cabe-lhe demonstrar essa vontade num caminho com muitas pedras. Parece-me humilde e bem preparado. E conta com os conselhos do pai", afirma Alzamendi.
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