Como o Benfica não está disposto a abdicar de Renato Paiva, Salvador hesita entre outros dois técnicos portugueses. Antigo admnistrador diz que há tempo.
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A pressão do PAOK prolongou-se pela noite de domingo dentro e foi já na madrugada de ontem que António Salvador deu luz verde à transferência de Abel Ferreira.
Braga fechou a transferência de Abel Ferreira para o PAOK por 2,5 milhões de euros e já fez sondagens
O presidente do Braga também não facilitou durante a ponta final das negociações, mediadas pelos agentes Bruno Carvalho e Hugo Cajuda (o representante do treinador), e só deu por fechado o negócio depois de o campeão grego ter juntado mais 500 mil euros à proposta de dois milhões, sob o compromisso de que pagaria a pronto o montante combinado.
Salvador impôs ainda como condição o PAOK não contratar qualquer profissional do clube enquanto tiver Abel como treinador e, sem tempo a perder, tratou de procurar um sucessor, começando por sondar Silas, atualmente ao comando do Belenenses, e Sá Pinto, livre de compromissos depois de ter deixado os polacos do Légia Varsóvia em abril.
Renato Paiva, treinador do Benfica B, é outro profissional apreciado pelos bracarenses, mas o clube da Luz não abre mão dele e, por isso, Salvador passou a considerar especialmente os nomes de Silas e Sá Pinto num dia em que choveram sugestões na Pedreira e no telemóvel do dirigente, envolvendo inclusivamente treinadores estrangeiros.
Rescisão de Silas custa 250 mil euros
A meio da tarde, viajou para Lisboa para desenvolver contactos e terá ouvido da boca de Rui Pedro Soares, o presidente da SAD do Belenenses, que só poderá levar Silas se forem pagos os 250 mil euros estipulados como cláusula de rescisão.
Atendendo a que a mudança de Abel proporcionará um importante encaixe financeiro, dinheiro não é nesta altura problema para o Braga, tendo sido objeto de reflexão somente o facto de Silas não possuir o IV nível de treinador (está prestes a obter o título de III nível). Salvador quer jogar pela certa e, em declarações prestadas à Sport TV, não deixou margem para dúvidas.
"Com calma, vamos procurar uma solução", comentou, explicando que a saída de Abel se tornou irreversível a partir do momento em que este revelou ter uma proposta irrecusável (um contrato de três épocas com um salário anual de dois milhões). "Disse-lhe que independentemente da amizade que tenho com ele, a partir daquele momento eu iria tratar do assunto unicamente como presidente do Braga", contou.
Estágio marcado para o Algarve, entre 10 e 20 de julho
Primeiro teste é já no sábado
Com o novo treinador já assegurado ou ainda em busca da melhor opção, o Braga terá no próximo sábado o primeiro jogo da pré-época. Será contra a Oliveirense, da II Liga, e terá como palco o miniestádio da Cidade Desportiva, estando já descartada a utilização do central Raúl Silva, ainda em tratamento.
O médio Claudemir, que trabalhou no relvado à parte dos companheiros, também poderá não entrar em ação. Antes de viajar para o Algarve para estagiar de 10 a 20 de julho, os arsenalistas ainda defrontarão o Varzim, na Póvoa, no dia 9.
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TRÊS QUESTõES A ARTUR MONTEIRO (ex-diretor executivo do Braga)
1 - A saída de Abel Ferreira no começo da pré-época compromete a preparação da equipa?
- Acredito que não vai comprometer. Apesar de a preparação da equipa ter sido planeada pelo Abel, o Braga é uma máquina bem montada, com hábitos de trabalho enraizados e com profissionais altamente preparados para este tipo de vicissitudes. A pré-época vai decorrer com normalidade e ainda estamos numa fase inicial. Há muito tempo para a equipa se adaptar à nova equipa técnica. Até ao primeiro jogo oficial, o grupo terá pela frente pelo menos seis ou sete semanas de preparação. Tudo decorrerá com a máxima normalidade. Seria mais dramático se o Abel deixasse o clube dentro de três semanas ou um mês.
2 - António Salvador fez bem em aceitar a transferência do treinador para o PAOK?
- Acho que sim. Da mesma forma que o Braga já nos habituou a realizar importantes encaixes financeiros com vendas de jogadores, agora começa a fazê-lo com técnicos. O Braga tornou-se também uma escola de bons treinadores. Por outro lado, seria pernicioso para o clube se o presidente não deixasse sair o Abel. Potenciou o treinador e não o deixou sair a qualquer preço. Os interesses do clube foram salvaguardados.
3 - Qual deve ser o perfil do futuro treinador?
- Deve ser um treinador da nova vaga e que saiba valorizar os ativos do clube, especialmente os jovens jogadores. Deve ser um profissional ambicioso, habituado a ganhar e a lutar por objetivos elevados, à imagem do Braga, porque, nesta matéria, os sócios são muito exigentes.
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