Carlos Leal, diretor desportivo do Arminia Bielefeld, garante que há caminhos para travar a máquina alemã.
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O futebol alemão e o Dortmund não têm segredos para Carlos Leal, diretor desportivo do Arminia Bielefeld com funções abrangentes que vão desde o scouting à negociação com reforços.
A O JOGO, o português com anos de futebol germânico faz o raio-x do adversário desta noite dos leões na Liga dos Campeões e dá conta das fragilidades a explorar, tal como dos perigos a ter em conta e das possíveis formas de o controlar.
Haaland se estiver disponível para jogar, é a principal arma do Dortmund e aquela que tem de ser vigiada de perto, logo no momento da receção de bola, para evitar cavalgadas quase impossíveis de travar.
E é pelo possante e letal norueguês que a análise começa, mesmo sabendo-se que se mantém em dúvida para o desafio, pois voltou a falhar o treino de ontem. "Haaland é um monstro, uma máquina, uma montanha gigante com uma velocidade fora de série e uma vontade incrível de marcar, uma mistura diabólica. Tem os seus dias, mas é praticamente impossível anulá-lo estando em forma. Se embala, não o param. Impossível", atira de pronto, num aspeto a ter em conta pelos trintões centrais leoninos. E prossegue, com um conselho: "Tem de ser travado logo na receção de bola. É ele que decide se marca ou não, se tem um dia normal ou fraco. E assiste e marca"
Os elogios ao Dortmund sucedem-se, mas como se viu no fim de semana, na derrota contra o Monchengladbach, também tem os seus dias menos bons. "Praticam um futebol muito ofensivo, com muita velocidade para o ritmo português e do Sporting. Mas há dias em que a máquina não funciona bem. Ao ser tão dinâmico tem de haver muita perfeição em sequência, dão sete/oito toques seguidos rápidos e um pequeno detalhe mal executado e não se pode realizar a jogada. E o Dortmund apanha muitos dias desses. Se jogasse sempre ao mesmo nível, certamente teriam ganho ligas nos últimos anos. Se tiverem um dia mau e o Sporting um a cem por cento... Por outro lado, o Hummels [um dos centrais], por exemplo, não tem muita velocidade...", comenta Carlos Leal.
O posicionamento tático do Dortmund tem tanto de perigoso como de favorável para o Sporting. A equipa alemã joga balanceada no ataque, com a linha defensiva muito alta e distante do guarda-redes, o que permite contra-ataques aos adversários, caso estes consigam superar a pressão inicial para recuperar a bola e tenham arte e precisão para colocar a bola em profundidade para os velocistas, que esta noite podem ser Nuno Santos, Sarabia ou Jovane.
"Ao ser uma equipa de futebol ofensivo, a defesa é obrigada a subir bem alto e arriscar. Se perdem a bola têm de pressionar de maneira muito intensa com a última linha a subir alto. Deixam um espaço incrível para o Sporting aproveitar com uma reação rápida, um bom passe em profundidade e depois com jogadores muito rápidos", avisa o diretor-desportivo do Arminia Bielefeld.
Pressão alta contra riscos na saída
O responsável do Arminia, atual 16.º da Bundesliga e rival do Dortmund após a paragem de seleções, em outubro, adianta nestas páginas mais um pormenor a que o Sportring deve estar atento e que pode aproveitar, a saída de bola dos alemães, que sob pressão pode dar frutos: "São tão bons com bola que às vezes esquecem o jogo sem bola. É possível ganhar a posse à frente porque saem com bola no pé e com risco alto. As bolas paradas são outra possibilidade a explorar. Há várias opções que podem dar sucesso".