Só recordes dão os “quartos” às águias, que nunca venceram em casa do Barcelona e caíram sempre após derrota na Luz na primeira mão
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A derrota por 1-0 na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões obriga o Benfica a um feito inédito na sua história para poder continuar em prova e eliminar assim o Barcelona em plena Catalunha. Nunca o clube da Luz foi capaz de dar a volta a uma eliminatória na competição depois de perder em casa na primeira mão. E como se isso não bastasse, nunca as águias venceram em Barcelona.
Nas quatro ocasiões anteriores em que perderam o primeiro duelo na Luz, os encarnados tiveram duas derrotas e dois empates. Na Catalunha têm igual desempenho e... só um golo.
A equipa comandada por Bruno Lage viaja na próxima semana até à Cidade Condal motivada pelo registo positivo fora de casa na presente temporada mas forçada a superar o peso da história. Nas quatro eliminatórias anteriores na prova em que viram o adversário sorrir na Luz no primeiro duelo, as águias caíram. E sempre sem conseguir vencer na segunda mão. Em 1977/78, na então Taça dos Campeões Europeus, perderam por 2-1 com o Liverpool e foram derrotadas por 4-1 na cidade dos Beatles. Em 2011/12, em novo duelo com britânicos, os benfiquistas perderam por 1-0 em casa com o Chelsea e voltaram a ser derrotados na segunda mão, por 2-1 em Stamford Bridge.
Equipa de Bruno Lage tem três vitórias consecutivas fora de casa, ante Mónaco, Juventus e Mónaco. Igualou máximo, de 1989/90. Novo recorde é agora preciso
Já em 2021/22 e 2022/23, após derrotas por 3-1 e 2-0 ante Liverpool e Inter, respetivamente, as águias fizeram o seu melhor neste caso: alcançaram nas duas vezes um empate a três bolas.
A única qualificação após desaire caseiro foi já em 1999/00, mas na então Taça UEFA. Após perder na Luz por 1-0 com o Dínamo Bucareste, o Benfica venceu fora, com orientação de Jupp Heynckes, por 2-0. Numa época em que viria a ser eliminado na terceira ronda com uma derrota por 7-0 em Vigo, com o Celta.
Pólvora seca e apenas um golo na Catalunha
A jogar com mais um desde os 22 minutos, o Benfica disparou muito, mas mostrou pólvora seca. Nunca neste século as águias tinham rematado tanto sem ficar em branco - mais só os 31 ao Celtic em 2012/13, mas com vitória por 2-1. Os 26 tiros bateram assim o registo negativo de 2007/08 e 2010/11, nos desaires com Shakhtar (1-0 na Luz) e Hapoel Telavive (3-0 em Israel), jogos com 24 remates. O zero benfiquista dita assim que seja preciso vencer em Barcelona, onde o emblema da Luz, em quatro visitas aos blaugrana, nunca ganhou. Tem duas derrotas e dois empates e quanto a golos marcados apenas... um, na derrota por 2-1 em 1991/92. Desde então são três partidas seguidas em branco.
É preciso assim eficácia para sonhar com a reviravolta na eliminatória. E para isso os pupilos de Bruno Lage precisam de alcançar novo recorde na competição. Os encarnados apresentam uma sequência de três vitórias consecutivas fora de casa e procuram um inédito quarto triunfo longe da Luz. Compensando o fraco pecúlio na Luz, a equipa igualou no play-off o seu melhor registo na prova. Vencendo Mónaco, Juventus e Mónaco, respetivamente, as águias igualaram um registo que tinham conseguido apenas em 1989/90, sob o comando de Sven-Goran Eriksson, quando venceram Derry City, Honvéd e Dnipro, perdendo depois nas “meias” com o Marselha. Ainda assim, o suficiente para chegarem à final, perdida para o Milan (0-1).
Jogar na Luz tem sido problema
A vitória a abrir a campanha no Estádio da Luz prometia outros números, mas a verdade é que o Benfica não foi capaz de dar sequência à goleada por 4-0 sobre o Atlético de Madrid. Desde aí são cinco jogos consecutivos sem conhecer o sabor da vitória. Ao triunfo sobre os colchoneros seguiram-se: desaire com o Feyenoord, empate com o Bolonha, derrota com o Barcelona, empate com o Mónaco e agora nova derrota com o Barça. Assim, o Benfica igualou a sequência negativa entre 2017 e 2018, mas então com quatro desaires e um empate.