Tomás Fernandes, amigo dos tempos de Olhão e do Olhanense, ainda espera proezas de Gonçalo na Champions.
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Hoje joga no Padernense mas acompanhou Gonçalo com nove e 10 anos nas escolinhas do Olhanense. Luta pelo título da 2ª Divisão da AF Algarve, enquanto mantém toda a atenção ao que faz o amigo, verdadeira estrela deste Benfica de Schmidt. Tomás Fernandes era colega mas também amigo, conservando essa intimidade e anulando as distâncias com conversas instagram. Na memória estão sempre muitas assistências para Gonçalo, que já vestia pele de matador com nove anos. O poder de decisão sempre esteve presente e não há grande surpresa com esta condição triunfal.
"Nunca espero outra coisa diferente do que ele tem apresentado. Apenas muito rendimento, assistências, golos e participação indireta em golos com um passe para quem assiste ou movimentos que abrem os espaços. Ele é muito forte na primeira zona de pressão, é muito intenso. Tem tido um rendimento constante", elogia, definindo o que tem visto.
"É uma época excecional. Já tinha tido uma boa e agora deu um salto muito maior. É o sub-21 na Europa com maior participação direta em golos. Tem estado bem, o clube também, na Seleção apareceu de surpresa e fez grande figura. Vamos continuar a ver mais disto!", garante Tomás Fernandes, um portista de Olhão, que se vai conformando com o desenho de títulos para o Benfica e, inclusive, essa ambição cintilante na Champions. Por Gonçalo, claro!
"O Benfica levava uma grande confiança e parecia possível levantar esse caneco. Seria incrível! Sou do FC Porto mas nas competições internacionais, sou sempre por Portugal. O Benfica tem tido mérito e com o Gonçalo na equipa tanto melhor. Mas atenção ao Inter, é sempre o Inter, tem grandes jogadores, mesmo não estando a apresentar grande futebol, provou na Luz que nunca é acessível. Sempre achei que ia ser uma grande eliminatória, acredito em dois bons jogos, o Benfica ainda entrará na discussão em Milão e penso que o Gonçalo marcará um golo decisivo", sustenta, passando por cima de qualquer divisão sentida antes do último Benfica-FC Porto.
"Eu separo bem as coisas, não puxo nem por um nem por outro, consigo ver o jogo na perspetiva da minha equipa e na perspetiva de um amigo que está do outro lado", resume.
"Eu driblava, centrava e ele fazia os golos"
Tomás Fernandes não tem dúvidas sobre a harmonia que gravita no Benfica e do ponto de partida dado por Roger Schmidt para que a inspiração de Gonçalo fluísse. "Claro que há aqui um grande mérito do técnico, criou uma ligação com o Gonçalo. A equipa parece construída para ele mas não foi construída à volta dele. Vejo jogadores que se relacionam muito bem e as características se enquadram umas nas outras. É um excelente plantel onde ele é um elemento chave", descreve.
"Nunca vamos saber se seria diferente com outro treinador. Podia ter mais protagonismo ou menos. Ele mostrou estar preparado para as oportunidades e aproveitou todas", avisa o extremo, retratando o astral de Gonçalo Ramos, tanto na reação a momentos menos bons, como aquele que passa o Benfica, como a notícias do mercado. "Ele está tranquilo. Vamos falando no instagram. Está sempre boa onda, concentrado no que faz, é muito objetivo. Mesmo no Mundial com essa pressão que surgiu do caso Ronaldo ele ficou na dele, fez o trabalho dele e deixou o sucesso fazer barulho. O Gonçalo está tranquilo com a especulação sobre o futuro", disse, fugindo ao burburinho com o interesse já falado do Real Madrid. "É um tema que nunca é falado entre nós mas é natural que haja essa cobiça. São clubes enormes, o Benfica também, mas o Real Madrid é uma coisa incrível. Acontecendo isso é sinal que tem feito um grande trabalho", conta Tomás Fernandes, lembrando, no fim, a sua relação de campo com Gonçalo, quando era uma espécie de João Mário ou Rafa para o avançado.
"No meu tempo já tinha muita atitude, objetividade e faro pelo golo. Hoje ainda tem isso, manteve os traços do jogador que era em criança e que mais o distinguia. Tínhamos uma equipa muito forte no Olhanense e entre nós havia uma jogada que resultava sempre. Eu driblava e corria, tirava dois da frente, olhava para a área, ele fazia o movimento para ficar sozinho, eu centrava e ele fazia o golo. Era cem por cento de eficácia."
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