Nélson Fernandes, personal trainer do lateral, explica a O JOGO como atenuou os cinco meses sem competir no Rio Ave. "Pronto para jogar já", diz.
Corpo do artigo
É preciso recuarmos a 24 de setembro do último ano para encontrar um registo fotográfico de um jogo oficial de Matheus Reis, um dos três reforços do Sporting para a segunda metade desta temporada: em rota de colisão com a direção do Rio Ave, clube que o cedeu aos leões - para já por empréstimo precisamente por questões de mercado -, o lateral-esquerdo acabou encostado na equipa B, cabisbaixo e a fazer contas à vida.
Tinha de se treinar, seis vezes por semana e de manhã, com a segunda formação vila-condense. E que mais?
Bom, como se diz na gíria, não há almoços grátis - expressão que reforça a compensação pelo esforço - e foi por isso que o esquerdino deitou as tristezas para trás das costas e com a ajuda de Nélson Fernandes, personal trainer que o acompanhou nos últimos cinco meses, chegou à Academia prontinho a jogar - assim, claro, o técnico Rúben Amorim o decida. Eis uma reportagem exclusiva d"O JOGO, que mostra, com números, o porquê do futebolista ter impressionado os fisiologistas do Sporting, com testes físicos de quem parece estar a competir com regularidade.
"Gosto sempre de dizer que o bom atleta é aquele que é forte em todas as frentes, que é o caso do Matheus, alguém que apanhei cabisbaixo, no meu ginásio [na Póvoa de Varzim], num dia em que o Rio Ave defrontava o Milan [para a Liga Europa]. Perguntei-lhe: "Olha lá, não tinhas jogo hoje?". Estava em baixo, mas o que mais me impressionou nele foi a vontade que tinha para dar a volta, para mostrar que o lugar dele não era na equipa B do Rio Ave", introduziu ao nosso jornal o também especialista em Avaliação Funcional e Postura e pós-graduado em Fisiologia do Exercício e Nutrição Desportiva, concretizando: "Fizemos, por isso, um trabalho completíssimo, como se ele estivesse em competição. Trabalhámos não só a resistência, mas também coisas específicas para as posições que ele pode ocupar, de central, onde o impacto, a força e o salto são fatores muito importantes, mas também sobre a linha, onde a tração e a progressão são fulcrais. Mais do que isso, fizemos um trabalho também ao nível nutricional; aliás, essa foi a minha primeira preocupação, logo na primeira consulta."
O peso... que engana
Olhando friamente para os números do brasileiro, do final de setembro a início de fevereiro, apurou o nosso jornal, Matheus Reis perdeu "apenas" 2,4 quilos (passou dos 82,4 para os 80), mas... há contextos em que o peso não é assim tão relevante. Trabalhando em todos os tabuleiros possíveis, a nutrição e o exercício no "duro" foram determinantes para que o brasileiro, a fazer 26 anos dia 18, perdesse 5% de massa gorda, ganhando, no sentido oposto, quatro quilos de músculo.
"Os resultados são claros: meto as mãos no fogo em como o Matheus está pronto a competir, isto caso o Rúben [Amorim] decida levá-lo para a Madeira. Pelas últimas avaliações, tem números de como quem estivesse a competir com regularidade", prossegue o PT, enaltecendo, por fim, outro dos pontos essenciais para que toda esta receita desse num belo cozinhado - a mente. "Estamos a falar de alguém que só tinha uma folga por semana, e que, mesmo sem jogar, a passava a fazer trabalho de reabilitação; alguém que, se fosse preciso, se levantava às 4h00 para fazer corrida regenerativa, uma parte importante do nosso trabalho. É um profissional de mão cheia. Foi a primeira vez que abracei uma experiência destas, com um profissional de futebol, mas sinto que conseguimos superar todos os objetivos propostos. Assinar pelo Sporting já é uma vitória saborosa, quer para ele quer para mim."
Nas mãos da estrutura
Apesar das garantias dadas por Nélson Fernandes, Matheus Reis está, ainda assim, nas "mãos" de Rúben Amorim, que com o auxílio da Unidade de Performance irá determinar quando é que o defesa poderá vestir de leão ao peito pela primeira vez, concretizando, também, o regresso aos relvados. Os exames, mostraram um atleta incrivelmente capaz, mas que, por exemplo, ao contrário de Paulinho (ver peça à direita) nunca trabalhou com este treinador, apesar de já ter experimentado o 3x4x3 em Vila do Conde. Havendo Feddal para o lado esquerdo da linha de três e Nuno Mendes para fazer o corredor, Matheus fica... no forno.