António Barbosa: "A Sanjoanense nunca parte atrás de ninguém, parte lado a lado"
António Barbosa apurou a Sanjoanense para a fase de subida, onde ambiciona superar as equipas favoritas. Na etapa em que oito clubes lutarão pela subida à II Liga, o treinador pretende responder com ambição, querer e concentração aos grandes investimentos feitos por muitos dos rivais.
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Aos 40 anos, António Barbosa vai tentar devolver a Sanjoanense à II Liga, escalão do qual está afastada desde 1984/85. O antigo treinador do Varzim, que também torce pelo sucesso dos poveiros, substituiu Tiago Moutinho no final de dezembro e em nove jogos só perdeu um, contra o Montalegre (1-0), apurando a equipa para a fase de subida, na qual, crê o técnico, não será só o investimento a decidir. A ambição, o querer e a concentração dos jogadores é que ditarão o campeão.
Na receção ao Fafe, a Sanjoanense conseguiu o resultado mais robusto da época (4-0) e apurou-se para a fase de subida. Foi um dia perfeito?
-Foi uma exibição e um resultado que fizeram jus ao dia. Os jogadores estiveram concentrados e tiraram proveito do talento que têm para produzir um dia tão positivo para a Sanjoanense. Como equipa técnica é a terceira vez que disputamos um play-off de subida à II Liga [Vilaverdense e Trofense] e o sentimento é de muita ambição. A consistência, rigor e disciplina dos jogadores permitiram atingir esta etapa com muito mérito.
Desde que assumiu o comando, a equipa apenas perdeu um jogo em nove. Que mudanças fez?
-A equipa já tinha coisas muito bem feitas pelo Tiago Moutinho e já estava em lugar de subida. Procurámos aproveitar o que de bom deixou o Tiago e adicionámos o que pretendíamos de diferente. Percebemos rapidamente as características dos jogadores e criámos uma ideia de jogo mais vertical, com mais chegada à baliza, que se pode constatar nos remates e situações de golo. Também queríamos a equipa a defender de forma mais agressiva e intensa. Tivemos a sorte de os jogadores perceberem e aceitarem a nossa intenção.
Quando entrou, o clube vinha de três jogos sem ganhar. O mérito desta campanha é seu?
-O primeiro mérito é do Tiago Moutinho. É importante ter três pilares para o sucesso. Uma Direção estável, que permita trabalhar, dê condições de trabalho, económicas, espaciais e recursos; um conjunto de jogadores ambiciosos, trabalhadores, consistentes, com vontade de evoluir e aprender; e uma equipa técnica que procura ajudar a desenvolver jogadores para que sejam mais capazes de vencer. Ninguém ganha sozinho nos desportos coletivos, muito menos a equipa técnica...
Na última jornada, contra o Anadia, vai dar oportunidade aos menos utilizados?
-É uma questão que ainda vamos definir. Temos muitos jogadores condicionados e vamos pensar se entram ou não para, depois, termos a equipa limpa na próxima fase. Vamos colocar o melhor onze em campo, de acordo com as nossas necessidades.
Depois de mais de um ano sem treinar, por que aceitou este desafio e o que lhe pediu a Direção?
-Foi um ano de paragem mas de muita aprendizagem. Tive alguns convites, mas a diferença foi a insistência do presidente, o doutor Urgel, e a vontade do diretor-geral e do diretor-desportivo, o Henrique e o Barge, que insistiram comigo para aceitar este projeto. Observámos a equipa e percebemos o valor dos jovens jogadores. Sabíamos que seria um trabalho difícil, que nos exigiria o máximo empenho, mas que era possível. Pediram-nos os quatro primeiros lugares e agora vamos redefinir objetivos, que passam por tentar a subida.
Como ocupou o tempo quando esteve longe dos relvados?
-Procuro participar em formações e aprender. Vejo muitos jogos de futebol, de várias divisões, e gosto de falar com treinadores de níveis competitivos superiores, de I Liga e Champions League. E faço estágios; já estagiei com Jesualdo Ferreira, Nelo Vingada, Rui Quinta, António Caldas, Luís Castro. Dedico-me a aprender o máximo e a melhorar.
Quem é o maior favorito à subida? A Sanjoanense parte atrás de alguém?
-Há equipas que fizeram grandes investimentos. Na série sul, Leiria, Amora, Belenenses, Alverca e Sporting B, que não conseguiu apurar-se; na série A, o Braga B e o Varzim. A Sanjoanense nunca parte atrás de ninguém, parte lado a lado. O jogo começa 0-0 e vamos querer ganhar Nunca será só uma questão de investimento; a ambição, o querer, a concentração dos jogadores é que vão ditar quem será o campeão.
Recuperação fantástica no Varzim e as várias casas onde foi feliz
Licenciado em Educação Física e Desporto, com diploma em estudos avançados em fundamentos da investigação e doutoramento em Ciências do Desporto, Barbosa interessou-se cedo pelo treino, impulsionado pelos êxitos de Mourinho.
"Tenho uma ligação muito forte ao Vilaverdense, passei lá nove anos, desde a formação, além dos anos que lá joguei. No Famalicão foi uma passagem curta, mas marcante. No Trofense estive seis anos e conseguimos uma manutenção fantástica. E o Varzim foi o meu primeiro clube nos campeonatos profissionais", recorda sobre a carreira, acrescentando que "em 20 anos de II Liga, só o Varzim dobrou a primeira volta com 11 pontos e conseguiu a manutenção. É um histórico que mexe com muitas emoções. Desejo que tenham as maiores felicidades".