Um dos grandes momentos da história do V. Setúbal ocorreu na época de 1969/70, quando o clube eliminou das provas europeias o já poderoso Liverpool. Carlos Cardoso esteve no onze titular dessas duas partidas e, para esta terça-feira, dá a receita ao FC Porto, que enfrenta o calor de Anfield.
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O Vitória está longe dos seus melhores dias...
Sim, o Vitória já foi o quarto clube a nível nacional. E chegou a ser considerado como uma das 12 melhores equipas da Europa. Foi quatro vezes aos quartos de final da Liga Europa, que na altura era a Taça UEFA. Era uma equipa que tinha prestígio.
E eliminou grande clubes nas provas europeias.
Sim, claro, o Liverpool, Inter de Milão, Fiorentina, Lyon, etc.
Você esteve nesses jogos?
Sim, nesses todos. Aliás, dos 70 jogos que o Vitória fez nas taças da UEFA, eu fiz 57. Fiz 46 como jogador e 11 como treinador.
Do que se lembra desse confronto em que o V. Setúbal eliminou o Liverpool?
Lembro-me que já era uma das equipas mais poderosas da Europa nessa altura. Ganhámos aqui 1-0 e o golo nasceu de um pontapé meu de muito longe, que bateu na barra e depois o Tomé fez o golo. E lá em Inglaterra jogámos com um árbitro que resolveu prolongar o jogo. Ganhávamos por 2-0, tínhamos a eliminatória na mão, mas estávamos a ver que o ainda éramos eliminados com tanto tempo que o árbitro deu de descontos. Ainda perdemos 3-2, mas passámos.
Como antevê este segundo jogo entre FC Porto e Liverpool?
O FC Porto está a jogar bem e de certeza que vai ser um adversário forte. Mas o Liverpool é um dos melhores clubes da Europa, sem dúvida.
Nessa altura ainda não jogava o Vítor Batista, mas depois chegou a partilhar o balneário com ele. Do que se lembra?
Era um grande jogador, que extravasou e podia ter acabado melhor a vida. Mas cada um tem a sua vida e faz dela o que quiser. Tenho boas recordações dele, era um bom colega e deixou marca. Era fisicamente bem constituído, tinha muita força e muita habilidade. E valor. Fez uma carreira bonita, o fim é que não foi bom.