André Amaro, internacional sub-21, trocou a carreira ascendente em Portugal no V. Guimarães por um contrato no Catar. E está ansioso por crescer nas mãos de Leonardo Jardim.
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Saiu Bamba para o Catar e André Amaro seguiu-lhe o rasto, tendo o Vitória perdido dois ativos e visto um retorno financeiro chegar em força do Catar. O português está confiante no seu sucesso.
Prosseguir a carreira no Catar, tendo um treinador como Leonardo Jardim, experiente e forte a potenciar jovens, foi fator decisivo?
-Claro que sim! Ter uma equipa técnica portuguesa ajuda bastante na minha integração, pois além da língua, ao estarem longe de casa como eu, colocaram-me à vontade para o que precise. Ajuda também estar perante um treinador que tem limado grandes talentos. Há sempre o caso mediático do Mbappé, mas eu já tinha recebido esse feedback do trabalho dele com os jovens. Quero ser mais um a crescer com ele, estou ansioso por esta nova temporada.
Sente sobre os ombros a desconfiança de algumas pessoas pela escolha feita?
-Como tudo na vida, qualquer decisão tem prós e contras. Se tomei esta decisão foi por sentir que era o melhor para a minha carreira e vida profissional. Sei que há muitas pessoas que questionam a minha vinda para o Catar, mas penso que são elas que devem mudar a visão sobre este futebol, pois é um mercado a crescer muito. Quero fazer parte e contribuir para esse crescimento. Quem me conhece sabe as minhas ambições. Com esta decisão, sinto que estou a dar um passo em frente para atingir os objetivos.
Estas primeiras semanas, sendo o André tão jovem, deixam-no nostálgico de Portugal?
-Claro que sinto falta de Portugal, das minhas rotinas no Vitória, do clube. Mas em tudo na vida há mudanças, esta é grande, e chegam para nos enriquecer. É muito diferente treinar ao final do dia, muda por completo as nossas rotinas. Tenho de me habituar a um clima mais abafado. É uma experiência diferente.
Consegue destacar os melhores momentos em Guimarães?
-Não é fácil enumerar e destacar tantas memórias que vivi, que remontam ao primeiro dia. São muitas, um percurso muito longo desde o dia em que os meus pais me deixaram na academia, com 16 anos, até ao dia que me tive de despedir. Não é fácil, estarei sempre muito grato ao Vitória, pelo que me fez crescer, por me ter feito melhor pessoa. Não esqueço treinadores nem colegas, vou ter muitas saudades da cidade, dos adeptos, do ambiente no estádio. Estarei sempre a torcer por eles e espero um dia voltar.
Sente alguma pressão por ter valido dez milhões?
-Mais do que qualquer pressão que venha de fora, ou responsabilidade por ter sido um grande investimento do clube, um projeto do Al Rayyan, creio que maior que tudo isto é a minha pressão de querer fazer sempre melhor. Essa pressão nunca será ultrapassada por outra.
Algum choque cultural nestes primeiros tempos?
-Posso contar uma história já com alguns dias. Deu-se um jantar de equipa, fui informado no treino e disse 'OK, muito bem'. Quando cheguei ao local do jantar deparei-me com um cordeiro no espeto. Em baixo estava uma travessa com arroz. Mas não encontrava os pratos, não os via, nem talheres. Questionava-me onde estava tudo isso quando, repentinamente, vejo os meus colegas a comerem tudo com as mãos da mesma travessa. Fiquei espantado, mas depressa me juntei a eles. Afinal, é tudo uma questão cultural e há que enfrentar isto com mente aberta. Cabe-nos respeitar uma cultura diferente e não ficar desconfiado.
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