Bruno Duarte regressou a São Paulo no último fim de semana porque não aguentava mais estar sozinho e, através de videoconferência, deu conta do que se está a passar no Brasil.
Corpo do artigo
Regresso ao Brasil: "O Vitória deu autorização aos jogadores estrangeiros para viajarem para os seus países e eu ainda aguentei umas duas semanas ou mais em Guimarães, mas cheguei a um ponto em que percebi que era mais importante estar com a minha família. Foi isso que pesou mais na minha decisão para voltar ao Brasil. Tomei todos os cuidados na viagem, para não provocar riscos na família, e agora estou de quarentena em casa e a treinar normalmente nos horários propostos pelo clube. Está a ser tranquilo, porque ainda estou com o fuso horário português, pelo que adormeço cedo e acordo um pouco mais cedo para poder treinar. Quando se está perto da família sentimo-nos mais acolhidos, estou pronto para qualquer emergência".
Voltar a Guimarães: "Ainda não tenho perspetivas para voltar a Portugal. Esta paragem do campeonato ainda vai prolongar-se muito no tempo e este é o momento de esperar e para estar com a família".
Diferenças entre Portugal e o Brasil: "Quando estava em Portugal pensava que a situação no Brasil era mais relaxada, mas depois de chegar percebi que já havia receio da população em relação à pandemia. No voo para São Paulo foi proibido o embarque de cidadãos estrangeiros, destinou-se apenas a brasileiros, e isso também me deu algum conforto. Acho que a situação está a ser levada a sério; todas as lojas estão fechadas".
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
Posição de Jair Bolsonaro: "Ele realmente tem um discurso impactante e que deixa as pessoas com medo, porém acredito que esteja bem assessorado para ter essa certeza sobre o que fala [não querer parar a economia, nem colocar as pessoas em casa]. Pelo terceiro dia consecutivo o número de mortes está a baixar, o que é um bom indicador. Temos que analisar tudo isto com calma e não podemos dizer que a economia é mais importante do que a saúde. O nível de pobreza no Brasil é muito grande e a situação é tão difícil para as pessoas como para as empresas e até para o próprio presidente do Brasil, que tem de tomar decisões".
Retomar as competições: "A gente acredita num regresso, mas não neste cenário. Enquanto houver casos, o melhor é esperar e se a paragem se prolongar por muito tempo até se pode pensar em cancelar o campeonato. Seria mau para todos, clubes e federações, mas é algo que deve ser decidido com calma. Vamos esperar pela chegada do pico da pandemia em Portugal".
Paragem prejudicial: "É má para todos, para mim e para a equipa. O Vitória vinha de três triunfos e era um cenário muito motivante para o jogo com o Sporting. A paragem prejudica toda a gente, mas nesta fase a saúde de todos é o mais importante".
Quarto lugar no campeonato: "Essa era a meta que tínhamos antes da paragem e se o campeonato voltar o foco será esse. Se não se traçar metas, não vale a pena treinar e jogar".
Redução nos salários: "Até agora nada foi decidido. Esta é uma fase complicada para todos, porque sabe-se que a economia vai quebrar depois disto. O melhor é pensarmos juntos sobre a situação para ver o que é melhor para o clube e para os jogadores. A questão vai ser resolvida de forma tranquila".